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Antigos trabalhadores do urânio prometem voltar à luta |
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29-Dez-2008 |
Num jantar/convívio realizado em Nelas, os antigos trabalhadores
da extinta Empresa Nacional de Urânio prometeram voltar à luta durante
o ano de 2009, para exigirem indemnizações e reformas dignas. Francisco Louçã
participou no jantar solidarizando-se com aqueles "que trabalharam uma
vida inteira dentro do veneno da radioactividade" para, em alguns
casos, receber 150 euros de reforma.
A Empresa Nacional de Urânio (ENU) entrou em processo de liquidação em
2001 e encerrou definitivamente no final de 2004. Os antigos
trabalhadores exigem benefícios na idade da reforma, e o pagamento de
indemnizações aos familiares daqueles que morreram de doenças
relacionadas com a exposição à radioactividade. E querem que estes
direitos possam abranger todos os trabalhadores, mesmo os que não
tinham vínculo à ENU na data da sua dissolução. Ainda que não existam
números oficiais, estima-se que as medidas reivindicadas possam
beneficiar três centenas de trabalhadores, dos mais de 600 que entre
1977 e 1991 (altura em que começaram os despedimentos) estiveram na ENU.
No final do jantar/convívio, o porta-voz da comissão de antigos
trabalhadores da ENU, António Minhoto, anunciou que já em Janeiro será
realizada uma marcha a pé entre a Urgeiriça (Canas de Senhorim, Nelas),
onde estava sedeada a empresa, e a mina da Cunha Baixa (Mangualde).
"Vamos mostrar ao país que estamos vivos", frisou, lembrando que os
problemas ambientais da mina da Cunha Baixa "continuam por resolver",
apesar de a ENU ter encerrado definitivamente no final de 2004. E
anunciou também que os trabalhadores vão fazer "um manifesto público" a
apelar para que o PS "seja penalizado nas eleições legislativas" e
fique em minoria na Assembleia da República, para assim serem
viabilizadas as suas reivindicações. A 7 de Março, o PS chumbou na
Assembleia da República os projectos de lei do BE, PCP e PSD que davam
resposta a estas reivindicações.
O deputado do Bloco de Esquerda Francisco Louçã participou no jantar
comprometeu-se a apresentar novo projecto de resolução na AR, "que será
discutido junto com outros, para que o debate se volte a fazer".
Louçã afirmou que se tratam de pessoas "que trabalharam uma vida
inteira dentro do veneno da radioactividade" para, como num caso
apresentado durante o jantar, receber 150,12 euros de reforma. "É
preciso um grito enorme sobre o respeito, a dignidade destas pessoas e
é por isso que eu me junto a esta luta. Acho que os mineiros são uma
parte importante da história e do Portugal de hoje e das dificuldades
do Portugal de hoje", frisou.
"Portugal não se respeita se um banqueiro recebe 10 milhões de
indemnização ou pensões extraordinárias ao fim de cinco ou seis anos de
funções e um mineiro de uma vida de trabalho recebe 150,12 euros. Esta
desigualdade é ofensiva e o Governo, se não reconhece as dificuldades,
faz parte da ofensa", concluiu Louçã.
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