Home Notícias 2000 ANOS DEPOIS, AINDA HÁ MENINOS A NASCER (E A VIVER!) EM ESTÁBULOS
|
Car@ leit@r esta é uma
secção sua.
Uma secção onde serão
publicadas as opiniões
que nos enviarem com
esse fim.
Os textos deverão ser
enviados para o e-mail:
Este endereço de e-mail está protegido contra spam bots, pelo que o JavaScript terá de estar activado para que possa visualizar o endereço de e-mail
Não podemos publicar
textos não assinados
ou insultuosos.
|
Site do Bloco de Esquerda de Viseu, Bloco, b.e., Esquerda de Confiança, Juntar Forças, São Pedro do Sul, Vouzela, Tabuaço, Oliveira de Frades, Santa Comba Dão, Penedono, Penalva do Castelo, Nelas, Mortágua, Tondela, Vila Nova de Paiva, Tarouca, Armamar, Resende, Cinfães, Carregal do Sal, Sernancelhe, São João da Pesqueira, Sátão, Coração de Jesus, Rio de Loba, Campo, Abraveses, São José, Orgens, António Minhoto, Osvaldo Numão, Maria Graça Pinto, Carlos Vieira, Carlos Couto, Daniel Nicola, Bandeira Pinho, Alexandrino Matos, Rui Costa, Joel Campos, António Amaro, Manuela Antunes, Carla Mendes, Joge Carneiro, Padre Costa Pinto, Francisco Louçã, Marisa Matias, Miguel Portas, Pedro Soares, Magaça
|

|
2000 ANOS DEPOIS, AINDA HÁ MENINOS A NASCER (E A VIVER!) EM ESTÁBULOS |
|
|
|
30-Dez-2008 |
Dois mil depois ainda há
meninos que nascem em estábulos, vítimas de desprezo e
preconceitos. É o caso do David Joel que tem 4 anos e desde que
nasceu continua a viver com os pais num tugúrio que já foi estábulo
(ainda lá existem as argolas que serviam para prender o burro).
Trata-se do rés-do-chão de uma casa de habitação em pedra, onde,
segundo a arquitectura tradicional, ficava a loja dos animais. A avó
vive numa outra loja contígua. A “cozinha” foi improvisada no
pátio, debaixo da varanda, exposta ao frio e à chuva. No centro
da cidade de Viseu, onde, segundo a propaganda autárquica, “dá
gosto viver”.
A insalubridade
daquele alojamento tem provocado bronquiolite ao Joel. O pai é
feirante e paga impostos, mas a crise que assola o comércio em geral
cada vez agrava mais as dificuldades com que a família vive. O Joel
sofre ainda de estrabismo, o que o obriga a usar óculos, mas não
teve direito a qualquer comparticipação por parte do Estado nos 200
euros que os pais tiveram que dar recentemente por novos óculos.
Uma técnica de
habitação social da Câmara Municipal de Viseu, contactada, há
cerca de dois anos, pela nossa Associação caracterizou o alojamento
precisamente como “uma loja de animais”, mas até agora a Câmara
Municipal de Viseu não resolveu o problema. Há poucas semanas, duas
assistentes sociais da Segurança Social de Viseu foram visitar a
“casa” do Joel, na Travessa do Matadouro. Parece que ficaram
condoídas com a situação, mas a verdade é que, até ao momento,
nem a Segurança Social (que remete para a autarquia a
responsabilidade pela habitação social) nem os autarcas da Câmara
Municipal (que dizem que as casas que têm vagas no bairro social da
Balsa, onde residem os outros avós do Joel, são só para vender)
se preocuparam em resolver o problema. De referir que a autarquia
dispõe de mais dois bairros sociais: o Bairro da Quinta da Pomba,
onde não existe nenhuma família de etnia cigana e o Bairro Social
de Paradinha, perto de uma povoação dos arredores de Viseu que,
pelo contrário, é um autêntico gueto de ciganos. À família do
Joel não lhe agradaria ser realojada num gueto, dado sentirem-se
perfeitamente integrados na comunidade.
O menino Jesus ainda foi
aquecido pelo bafo da vaca e do burro, mas neste presépio viseense
de nada vale substituir aqueles animais pela Segurança Social e pelo
presidente da autarquia. Dali nem um bafo sai.
Nem o Ano Europeu do
Diálogo Intercultural, nem as comemorações recentes dos 60º
Aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos serviram
para sensibilizar quem tem obrigações constitucionais para resolver
este problema.
O menino Jesus foi
perseguido e discriminado por ser hebreu. O Joel é discriminado e
excluído por ser de etnia cigana, embora isso não venha a figurar
no seu bilhete de identidade de cidadão português.
Viseu, 25 de Dezembro de
2008
Pel’O Núcleo de Viseu
da OLHO VIVO – Associação para a Defesa do Património, Ambiente
e Direitos Humanos,
Carlos Vieira e Castro
(telem. 914197747)
|
|
|
|
|