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19-Jun-2009 |
Não vejo que outro nome lhe poderia dar. Uma coisa perigosamente parecida a um ser humano, uma coisa que dá festas, organiza orgias e manda num país chamado Itália. Esta coisa, esta doença, este vírus ameaça ser a causa da morte moral do país de Verdi se um vómito profundo não conseguir arrancá-la da consciência dos italianos antes que o veneno acabe por corroer-lhes as veias e destroçar o coração de uma das mais ricas culturas europeias. Os valores básicos da convivência humana são espezinhados todos os dias pelas patas viscosas da coisa Berlusconi que, entre os seus múltiplos talentos, tem uma habilidade funambulesca para abusar das palavras, pervertendo-lhes a intenção e o sentido, como é o caso do Pólo da Liberdade, que assim se chama o partido com que assaltou o poder.
Texto de José Saramago
Chamei delinquente a esta coisa e não me arrependo. Por razões de
natureza semântica e social que outros poderão explicar melhor que eu,
o termo delinquente tem em Itália uma carga negativa muito mais forte
que em qualquer outro idioma falado na Europa. Foi para traduzir de
forma clara e contundente o que penso da coisa Berlusconi que utilizei
o termo na acepção que a língua de Dante lhe vem dando habitualmente,
embora seja mais do que duvidoso que Dante o tenha utilizado alguma
vez. Delinquência, no meu português, significa, de acordo com os
dicionários e a prática corrente da comunicação, «acto de cometer
delitos, desobedecer a leis ou a padrões morais». A definição assenta
na coisa Berlusconi sem uma prega, sem uma ruga, a ponto de se parecer
mais a uma segunda pele que à roupa que se põe em cima. Desde há anos
que a coisa Berlusconi tem vindo a cometer delitos de variável mas
sempre demonstrada gravidade. Além disso, não só tem desobedecido a
leis como, pior ainda, as tem mandado fabricar para salvaguarda dos
seus interesses públicos e particulares, de político, empresário e
acompanhante de menores, e quanto aos padrões morais, nem vale a pena
falar, não há quem não saiba em Itália e no mundo que a coisa
Berlusconi há muito tempo que caiu na mais completa abjecção. Este é o
primeiro-ministro italiano, esta é a coisa que o povo italiano por duas
vezes elegeu para que lhe servisse de modelo, este é o caminho da ruína
para onde estão a ser levados por arrastamento os valores que liberdade
e dignidade impregnaram a música de Verdi e a acção política de
Garibaldi, esses que fizeram da Itália do século XIX, durante a luta
pela unificação, um guia espiritual da Europa e dos europeus. É isso
que a coisa Berlusconi quer lançar para o caixote do lixo da História.
Vão os italianos permiti-lo?
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