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Mais de 200 jovens no Inconformação 2010 |
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24-Mai-2010 |
Terminou na tarde de Domingo, o Inconformação 2010, um
fim-de-semana de formação à esquerda que contou com a participação de
mais de 200 jovens em 14 debates.
Lê o resumo e os textos de apoio:
José Manuel Pureza, na manhã de Sábado, assinalou como os atentados do
11 de Setembro de 2001 marcaram uma mudança na política internacional,
na medida em que a luta contra o terrorismo passou a ser a grande
prioridade das relações internacionais. A Administração Bush elegeu como
inimigo a abater um inimigo mal definido, o "eixo do mal", permitindo
estender a guerra a todo o mundo. Com Obama a guerra continua, embora
encoberta por uma retórica mais defensora do multilateralismo e da
cooperação entre estados.
Alertou ainda para o facto da doutrina da NATO estar a ser, ainda hoje,
reorientada para a guerra infinita, que inicia "guerras preventivas"
justificadas como resposta às "ameaças à paz global", como a pobreza ou
as alterações climáticas. O maior inimigo do pacifismo, portanto, é a
doutrina do medo.
No Domingo de manhã, Luís Fazenda falou de "Democracia e Socialismo" e
fez uma recapitulação da história dos diferentes tipos de democracia.
Nascida na Revolução Francesa, a democracia parlamentar como a
conhecemos teve muitos altos e baixos, sendo o voto universal uma
conquista recente. As democracias parlamentares francesa e americana, as
primeiras do mundo, excluíam do direito de voto à maioria da população,
na medida em que apenas homens brancos e com posses poderiam votar. A
exclusão dos trabalhadores do direito de participar na vida colectiva
foi o centro da crítica dos socialistas a esta democracia burguesa.
A democracia é essencial para a construção do socialismo, sendo claro
que a degenerescência democrática na URSS e noutros países que se
reclamam da ideologia socialista (incluindo Cuba) é motivo suficiente
para que não nos revejamos nessas experiências. Um governo socialista
tem que ser constantemente legitimado pelo voto popular, caso contrário
será formado por uma burocracia que não representa a população.
No debate de encerramento, Francisco Louçã falou da economia do medo,
gerada pelos mercados financeiros e permitida pelos vários Governos, e
como esta é utilizada pelo sistema capitalista para provocar e
justificar soluções cada vez mais violentas para os trabalhadores,
culminando na redução dos salários reais e desemprego. A luta
anti-capitalista é, portanto, contra a globalização financeira, que
destrói a democracia.
A crise que atravessamos tem no seu centro a especulação financeira,
que gerou enormes lucros para os que agora defendem a baixa dos
salários, incluindo os gestores que recebem prémios milionários.
Defender uma redução de salários nos países menos desenvolvidos da União
Europeia de 20% ou mais, como têm defendido empresários e alguns
economistas, é defender que os trabalhadores devem perder três meses de
salário por ano para pagar a factura da crise que não causaram. Quando
vemos que esta quebra representaria uma poupança de custos para as
empresas de apenas 3%, sabemos que não está aqui a solução.
Louçã terminou apelando à participação de todos os jovens presentes na
manifestação nacional de dia 29 de Maio, como uma parte de uma resposta
às políticas de austeridade do governo Sócrates.
Os textos de apoio do encontro estão disponíveis aqui
Texto
de Hugo Evangelista e Ricardo
Coelho
Artigo |
24 Maio, 2010 - 14:07
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