|
Car@ leit@r esta é uma
secção sua.
Uma secção onde serão
publicadas as opiniões
que nos enviarem com
esse fim.
Os textos deverão ser
enviados para o e-mail:
Este endereço de e-mail está protegido contra spam bots, pelo que o JavaScript terá de estar activado para que possa visualizar o endereço de e-mail
Não podemos publicar
textos não assinados
ou insultuosos.
|
Site do Bloco de Esquerda de Viseu, Bloco, b.e., Esquerda de Confiança, Juntar Forças, São Pedro do Sul, Vouzela, Tabuaço, Oliveira de Frades, Santa Comba Dão, Penedono, Penalva do Castelo, Nelas, Mortágua, Tondela, Vila Nova de Paiva, Tarouca, Armamar, Resende, Cinfães, Carregal do Sal, Sernancelhe, São João da Pesqueira, Sátão, Coração de Jesus, Rio de Loba, Campo, Abraveses, São José, Orgens, António Minhoto, Osvaldo Numão, Maria Graça Pinto, Carlos Vieira, Carlos Couto, Daniel Nicola, Bandeira Pinho, Alexandrino Matos, Rui Costa, Joel Campos, António Amaro, Manuela Antunes, Carla Mendes, Joge Carneiro, Padre Costa Pinto, Francisco Louçã, Marisa Matias, Miguel Portas, Pedro Soares, Magaça
|
|
O NATAL EM PORTUGAL: UNS VÃO BEM DEMAIS, OUTROS MAIS QUE MAL |
|
|
|
27-Dez-2010 |
Opinião
Texto de Carlos Vieira e Castro
O Governo decidiu, segundo o jornal “Público” da passada segunda feira, injectar mais 500 milhões de euros no capital do BPN – Banco Português de Negócios, elevando para quase 5 mil milhões de euros a factura paga pelo Estado, isto é, por todos nós, para salvar este banco administrado por ex-dirigentes e governantes do PSD. Aquele valor seria suficiente para evitar grande parte dos cortes nas prestações sociais, salários e reformas aprovadas no Orçamento de Estado. Por isso, o Bloco de Esquerda pediu a presença no Parlamento do ministro das Finanças, para dar explicações aos portugueses.
O deputado do BE, João Semedo, explicou, em entrevista à
revista “Visão”, como é que Cavaco Silva e a filha, em dois anos,
conseguiram lucrar 360 mil euros, com a venda, em 2003, antes da eleição
para a Presidência da República, de 255.018 acções da SLN (Sociedade
Lusa de Negócios) valorizadas em 140%: "A SLN comprou as acções muito
mais caras do que as tinha vendido. E não é accionista de uma sociedade
não cotada quem quer. Não se chega ao balcão dizendo "quero ser
accionista"..: (…) "Que critérios foram seguidos na recompra, pelo BPN,
das acções? Qual era o interesse da SLN em comprar de volta aquelas
acções? Os valores praticados foram muito acima do crescimento do
próprio banco"... "Há aqui qualquer coisa que não bate certo" e a
operação com as acções de Cavaco tem "um formato semelhante à de outras
que conhecemos". "O BPN tinha um modo de funcionamento que se conhece:
destinava-se a distribuir dinheiro por um conjunto de negócios e
personalidades, escondendo lucros e prejuízos, fazendo-os circular por
95 off-shores e pelo fictício Banco Insular”. Cavaco Silva foi apenas
mais um dos que, durante dez anos, beneficiaram desta forma rápida,
fácil e sem riscos, de “fazer dinheiro”.
Note-se, ainda, que a falência do BPN não foi provocada pela crise
financeira mundial, mas sim pelas fraudes e gestão ruinosa, como
confessou o próprio Oliveira e Costa na Comissão Parlamentar de
Inquérito: “Se não fosse o raio da Biometrics hoje não estaríamos aqui.
Foi um negócio ruinoso”. A Biometrics era uma das duas empresas de
Porto Rico que Dias Loureiro e o seu amigo libanês, El-Assir, acusado
internacionalmente por tráfico de armas, pressionaram a SLN para comprar
por milhões de dólares, canalizado através de offshores. A Biometrics
foi vendida 3 vezes no mesmo dia. A primeira por 31 milhões de dólares;
depois de integrada num fundo, que detinha mais património, voltou a
ser vendida por 21 milhões de dólares. Não se sabe em que bolso(s)
ficaram os 10 milhões em falta. Dias Loureiro, ex-ministro do Interior
de Cavaco Silva, disse na comissão de inquérito que desconhecia sequer o
nome do fundo. Mas, a comissão recebeu documentos da transacção
assinados por Dias Loureiro. Esperemos pela sentença do tribunal.
Entretanto, o governo decidiu obedecer mansamente à Comissão
Europeia no sentido de facilitar os despedimentos e baixar o valor das
indemnizações por despedimento, o que só pode fazer aumentar o
desemprego e a precariedade laboral, num país com mais de 600 mil
desempregados e o terceiro da Europa em percentagem de trabalhadores
precários (só abaixo da Polónia e da Espanha). Mas a ânsia de agradar a
Bruxelas e ao FMI leva à acumulação de asneiras e as confederações
patronais, CIP e CCP, recusaram o presente dado pelo governo da criação
de um fundo para financiar despedimentos, dado que as empresas não
estão interessadas em pagar elas próprias esse fundo, nem em descontá-lo
do salário dos trabalhadores, porque isso faria aumentar o custo da
mão-de-obra. Esta de pôr os trabalhadores a pagar os seus próprios
despedimentos é mesmo de um governo socialista, não é?!...
O que nos vale são os exemplos de solidariedade que nos vêm do alto:
Passos Coelho disse que este Natal não vai dar presentes ás filhas.
Bonito gesto de contenção de despesas, nesta época de crise. O “Botas”
ficaria orgulhoso. Sócrates, para não lhe ficar atrás, recusou
aumentar o Salário Mínimo para 500 euros, já a partir de Janeiro,
conforme tinha acordado com os parceiros sociais e exigiu que os
hospitais fizessem cortes de 15%. Isto apesar de Portugal ser
classificado pela OCDE como um dos países mais eficientes nos gastos na
Administração de Saúde (JN, 1/12/2010). O presidente do conselho de
administração do Hospital de S. João já disse que só seria possível tal
redução se apenas mantivesse, “basicamente, a actividade de urgência e
parasse o hospital em Julho ou Agosto”.
Eis a receita do governo e da Comissão Europeia para a crise: “Parem os aviões no ar!”
Boas Festas!
Carlos Vieira e Castro
|
|
|
|
|