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DEBATE SOBRE A CRISE NO PEQUENO COMÉRCIO |
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27-Dez-2010 |
Na passada sexta-feira, dia 17, a candidatura de Manuel Alegre à Presidência da República organizou, na sede de campanha, na Avenida Alberto Sampaio, em Viseu, um debate sobre a crise no pequeno comércio na cidade e no distrito, tendo, para o efeito, convidado Gualter Mirandez, Presidente da Associação de Comerciantes do distrito de Viseu e José Geraldes, Coordenador Regional de Viseu e Guarda, do Sindicato do Comércio, Escritórios e Serviços.
Os comerciantes presentes chamaram a
atenção para as suas principais preocupações: como resistir à
concorrência feroz e desleal das grandes superfícies; a falta de
consideração para com o pequeno comércio ao fecharem as ruas ao trânsito
para obras sem prévio aviso aos comerciantes, como acontecera dois dias
antes na Av. Alberto Sampaio e aconteceu todas as quintas-feiras do mês
de Novembro, e duas em Dezembro, na Rua do Comércio; e o facto de os
comerciantes não terem direito a qualquer apoio social em caso de
falência.
Gualter Mirandez explicou o conceito do Centro
Comercial a Céu Aberto, recentemente inaugurado em Viseu, e considerou
falido o actual modelo económico que desde a década de noventa se baseou
na canalização dos milhões de fundos comunitários que entraram no país
para novas construções nas periferias das vilas e cidades, num
desenvolvimento insustentável que só enriqueceu a construção civil,
apoiada pelos bancos e pelas autarquias, esquecendo a reabilitação
urbana (Portugal é o segundo país da União Europeia que menos investe na
reabilitação urbana), o que provocou o despovoamento das cidades e a
crise do comércio de proximidade, agravada pelo licenciamento de grandes
superfícies, de modo exagerado, como em Viseu, referindo que na União
Europeia, só na Bélgica e na Suécia é que as grandes superfícies podem
abrir, sem restrições, ao Domingo e, no caso belga, desde que fechem
noutro dia da semana. Aliás, o Algarve é a região da Europa com maior
densidade comercial por habitante (1 m2).
Relativamente ás insolvências, o presidente da ACDV
disse que em 2009 lhes fora prometido legislação sobre protecção social
dos comerciantes, à semelhança da que já existe em Espanha, mas até
agora, nada.
José Geraldes apelou a uma maior solidariedade ente
patrões e empregados do pequeno comércio, lembrando que houve por parte
das associações de comerciantes uma cedência ao aceitarem a
liberalização dos horários aos sábados à tarde, quando a “semana
inglesa” tinha sido uma conquista do 25 de Abril.
Merece ainda destaque, de entre as intervenções da
assistência, a do asturiano Joaquim, comerciante e dirigente
associativo, em visita ao nosso país, que traçou um panorama da situação
do comércio em Espanha, onde das 19 comunidades autónomas, 16 apenas
permitem a abertura das grandes superfícies 8 domingos ou feriados por
ano e nas grandes cidades só podem instalar-se a dezenas de quilómetros
do centro. Falou ainda do modelo das cidades mediterrânicas e da cultura
que fez com que em Itália não sintam a falta das grandes superfícies,
ou que as regiões de Espanha tenham resistido à liberalização total da
abertura das grandes superfícies e tenham travado a instalação de
centros comerciais.
Não admira, portanto, que as cidades espanholas
fervilhem de gente, que inundam as ruas até ao encerramento das lojas do
pequeno comércio. Certo é que lá não se vêem casas em ruínas nos cascos
históricos.
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