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A VITÓRIA DE CAVACO, DE SÓCRATES E DE MÁRIO SOARES |
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03-Fev-2011 |
Opinião
Texto de Carlos Vieira e Castro
Nas eleições do passado Domingo, o único resultado que superou largamente todas as expectativas foi o de José Manuel Coelho que, com um orçamento modestíssimo, teve uns expressivos 4,5% e conseguiu ficar à frente de Cavaco Silva em 3 dos 11 concelhos da Madeira, onde obteve 39,1% (contra 44,01% de Cavaco). Todos os outros resultados eram mais ou menos previsíveis, muito embora eu não contasse com uma tão significativa transferência de votos do PS para Fernando Nobre que ficou à frente de Alegre em alguns concelhos, como Aveiro, Viseu e Viana do Castelo. Resta agora saber se Nobre, que deu mostras de um ego incontido, resistirá ao “apelo da selva” dos partidos que tanto criticou ou se preferirá a trincheira da “cidadania dos independentes”,barricando-se até às próximas presidenciais. Não nos esqueçamos que alguns dos seus mais próximos apoiantes desertaram das hostes alegristas por Alegre não ter fundado um novo partido. E outros houve que depois de abandonarem Alegre, também cortaram com Nobre por este não lhes ter confiado o protagonismo que davam como certo. De uma coisa tenho a certeza: é que Mário Soares foi um dos vitoriosos destas eleições, ao ver que o candidato que catapultou para esta contenda o vingou da humilhação sofrida em 2006, quando ficou atrás da votação de Alegre.
Outro dos ganhadores destas presidenciais foi, por estranho que
possa parecer, José Sócrates e a direita do PS. Se alguém dúvida por ter
andado distraído, atente nas palavras de Helena Roseta, ex-PS, agora
independente, apoiante de Alegre, que reconheceu que “o PS esteve
dividido e que houve “dirigentes altamente responsáveis que nunca
estiveram com esta candidatura”. Também Júlio Barbosa, mandatário no
distrito de Viseu de Manuel Alegre, militante socialista, disse ao
“Diário de Viseu”, após o apuramento dos resultados, que “o PS não
esteve com Manuel Alegre. Não esteve com ele durante a campanha, nem no
momento da votação. Houve muito preconceito por parte dos socialistas em
relação a Manuel Alegre e fiquei com a ideia que houve uma espécie de
ajuste de contas”.
Não me surpreendi, por isso, quando li no jornal Público, com
destaque de primeira página, declarações de dirigentes nacionais do PS,
não identificados, que terão dito que estava a ser ensaiado, entre as
bases do partido do governo, um discurso de responsabilização do Bloco
de Esquerda pela eventual derrota de Alegre, que segundo eles, teria
melhor resultado se não fosse apoiado pelo BE. Também António Vitorino,
num comentário televisivo, depois dos resultados, disse que “há certas
plataformas que não somam, diminuem”.
Na verdade, em Viseu, como no resto do país, Alegre contou com o apoio
do Bloco de Esquerda que cedo viu nele a melhor alternativa para
derrotar Cavaco e defender o Estado Social dos ataques da direita contra
o Serviço Nacional de Saúde para todos, a Escola Pública gratuita e os
mais elementares direitos dos trabalhadores, como o conceito de “justa
causa” para os despedimentos individuais, que o projecto de revisão
Constitucional apresentado por Passos Coelho pretendeu eliminar.
Já da parte do PS apenas se viu a mobilização da JS e de meia dúzia
de militantes e dirigentes concelhios, como Lúcia Silva (da Concelhia de
Viseu), da deputada Helena Rebelo, do presidente da Câmara de Resende e
poucos mais. Note-se, aliás, que a Federação Distrital do PS, presidida
por João Azevedo, só em 14 de Dezembro é que anunciou à comunicação
social a formalização do apoio à candidatura de Manuel Alegre, meio ano
depois do início da estrutura de campanha.
Mas quem clarificou a táctica de Sócrates e da direita do PS foi o
viseense Correia de Campos, da Comissão Política Nacional e líder da
bancada do PS na Assembleia Municipal de Viseu, que surgiu a poucos dias
do fim da campanha eleitoral, citado pelo jornal I, a considerar que
Alegre já não representava uma alternativa e que a estabilidade política
de que o país precisaria só seria garantida por Cavaco.
Cavaco Silva foi o primeiro vencedor, mas a perda de 500 mil votos,
obtendo a mais baixa votação numa eleição presidencial, não terá sido
alheia à forma arrogante como se colocou num pedestal e se recusou a
responder às legítimas perguntas dos outros candidatos e dos
jornalistas, face às notícias que indiciavam favorecimentos por parte do
“bando” do BPN, seus ex-ministros e ex-secretários de Estado, na venda
de acções e na compra da casa da Quinta da Coelha, cuja escritura,
segundo a “Visão”, Cavaco terá falseado para fugir aos impostos.
Também a abstenção de 53% dos eleitores, mais do que os que votarem em
Cavaco (apenas cerca de um quarto do total), é um sinal do desencanto e
da desorientação dos portugueses, desiludidos com o Governo e com um
Presidente que incentivou o apoio do PSD às medidas de austeridade dos
PEC e do Orçamento de Estado. Cavaco ganhou, mas perdeu a mítica imagem
imaculada. Alegre perdeu porque a sua mensagem de resistência às
políticas que fustigam o presente dos portugueses e ensombram o futuro
de Portugal não contrastou com a prática dos governos de Sócrates. E
porque gastou mais de metade da pré-campanha a falar para dentro do seu
partido, com sucessivos apelos para que a máquina se mexesse. Mas já
havia demasiados pauzinhos na engrenagem.
Carlos Vieira e Castro
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