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11-Mar-2011 |
Opinião
Texto de Maria da Graça M. Pinto
Amanhã,
dez cidades de diversas regiões do país e muitas outras no
estrangeiro serão palco de manifestações convocadas pelo movimento
Geração à Rasca,
a que já aderiram através do face-book dezenas de milhares de
cidadãos.
Numa
Carta Aberta à Sociedade Civil, os organizadores desta iniciativa ,
declaram estar em consonância com a Carta Universal dos Direitos
Humanos e enunciam como objectivo o protesto contra a situação
de quem está desempregado ou não tem a mínima estabilidade
laboral .Exigem melhores condições de trabalho e o reconhecimento
de qualificações e competências traduzidos em salários dignos.
O
movimento Geração à Rasca
que se assume como laico, apartidário e pacífico, tem como
bandeira o inconformismo dos jovens com as políticas geradoras da
precariedade. Protesta contra as políticas responsáveis pela
frustração das expectativas de quem investiu esforço e dinheiro
em formação, para depois ver as suas vidas adiadas . Recusa o
argumento da inevitabilidade da instabilidade laboral e exige o
reconhecimento de competências e um trabalho digno.
E
há razões para um nível tão elevado de descontentamento dos
jovens? Estarão eles, como afirmam alguns, a vitimizar-se num
momento em que a maioria dos portugueses paga a factura da crise?
Não
poderíamos estar mais em desacordo com quem vê neste movimento a
pretensão de ter mais direitos do que os das restantes gerações. A
nosso ver, o que está em causa não é uma oposição geracional. Ao
contrário , a luta dos jovens por condições de trabalho dignas é
parte integrante da luta de todas as gerações sacrificadas pelas
políticas que agravaram exponencialmente o desemprego e a
precariedade que se consubstancia já na existência de cerca de dois
milhões de desemprecários.
E
se é verdade que a instabilidade laboral é transversal a várias
gerações, é, também, inegável que os jovens são
particularmente afectados pela precariedade, já que em dez de
novos postos de trabalho criados cerca de nove são precários e são
ocupados sobretudo por jovens.
Acresce
que o desemprego e a precariedade extravasam em muito o campo laboral
traduzindo-se numa verdadeira precarização da vida, num estado de
permanente instabilidade e incerteza, que, no caso dos jovens,
bloqueia a sua emancipação, obriga-os a depender das famílias e
impede-os de terem um projecto de vida autónomo.
Intervir
politicamente, no sentido mais nobre da expressão é recusar ficar
de braços cruzados e fazer escolhas e as manifestações de amanhã
são a prova de que os jovens não desistem da intervenção
política e estão dispostos a lutar contra a escravatura dos
mercados e pelo trabalho com direitos.
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