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QUANDO A SALA DE VISITAS PASSA PARA O FUNDO DO QUINTAL... PDF Imprimir e-mail
16-Mai-2008
a_tuabeira.gifNunca se tinha visto uma coisa assim. Um investimento superior a 120 milhões de euros. Mais de 140 lojas. Mais de 175 metros quadrados. Seis salas de cinema. O maior espaço de bem estar e desporto do país. A maior praça de restauração da região. Uma das melhores “shopping and Leisure Experience” do nosso país, seja lá o que isso for. Dois mil convidados na inauguração. Três bispos (Viseu, Guarda e Braga). Uma dama, Catarina Furtado, que dá a cara. Dá, é como quem diz, vende. E faz ela muito bem. Por mim até pode vender o corpo todo em peças separadas para montar. Três (3) bispos, uma dama, 2 mil peões (claro que se faz um casting para escolher os oito mais jeitosinhos para serem comidos, perdão, tomados); o rei deve ser Fernando Nunes, o presidente do conselho de administração da  Visabeira, já que dizem que foi ele que escolheu a dama.

  Faltam os cavalos... Serão os jornalistas que andam aos saltos no meio da comitiva? Não, cá para mim, os cavalos são o governador civil e o presidente da Câmara. Sempre valem tanto como os bispos. Quer dizer, se fossem dois bispos, que é o que comporta um tabuleiro de xadrez regulamentar. Mas porquê três bispos? Ah, já sei! Não foi o presidente da Conferência Episcopal, Jorge Ortiga, que acusou o governo de Sócrates de ser “militantemente ateu por estar a excluir a presença católica dos ambientes públicos e políticos, remetendo-a para o foro exclusivamente privado”? Pois é, convidando 3 bispos, a Visabeira não só compensa a desvalorização dos bispos relativamente aos cavalos, como consegue, mais do que uma bênção triangular, um reforçado tripé religioso para sustentar a sua catedral do consumismo. Quem é o padre que agora pode acusar o Palácio de Gelo Shopping (desculpem o anglicismo, ou “brasileirismo”, mas é este o nome oficial da coisa) de desviar o pessoal da missinha dominical, não respeitando o sagrado dia do senhor?

            Claro que nesta metáfora escaquistica só as peças brancas interessam. As pretas fartaram-se de jogar horas extraordinárias para ficar tudo pronto a tempo. Como precisavam de descansar não foram convidadas para o jogo inaugural. As brancas jogam e ganham.

             A reportagem do JN diz que é o “terceiro maior centro comercial do país, logo a seguir ao Colombo e ao Fórum Almada”. O Notícias de Viseu informa-nos que “está entre os três maiores da Península Ibérica”. Logo, os três maiores centros comerciais  da península são portugueses. Uauuu!!! Isto é que é qualidade de vida! Os espanhóis devem roer-se todos de inveja. Coitados, é vê-los aos magotes e aos encontrões uns aos outros nas ruas dos centros das cidades do país vizinho. Ganham mais do dobro dos portugueses, mas são uns atrasados. Não têm tantos telemóveis, nem tantos hipermercados. Aliás, até obrigam as grandes superfícies a instalarem-se a dezenas de quilómetros dos centros das cidades e só as deixam abrir 6 ou 8 domingos por ano. Não admira que comecem a fazer excursões de Madrid e Salamanca para virem ver o “Palácio de Gelo”. Consta até que já há hotéis na cidade com a lotação esgotada com as reservas de esquimós nas agências de viagens para verem “in loco” o “bar do gelo”  que, segundo Fernando Ruas, não tem paralelo na Europa, só havendo um na Finlândia.

            O administrador da Visabeira, Paulo Varela, disse numa entrevista que o Palácio de Gelo vai passar a ser a sala de visitas da cidade. Talvez tenha razão. Mas, quando a sala de visitas se transfere para o fundo do quintal é porque a casa está a cair de velha. De facto, é o que acontece com o nosso centro histórico: degradado e desertificado.

            Fernando Ruas, numa entrevista ao “Diário As Beiras”, diz que se não fosse um equipamento como o do Palácio de Gelo, a FNAC não se instalaria em Viseu. Claro que não se instalaria na Rua Formosa, ou na Rua do Comércio pelo simples motivo de que são ruas mortas, sem gente, sem moradores. Mas, a FNAC no Porto ocupou um edifício numa rua central e em Lisboa, para além de estar no Colombo, também se pode encontrar em pleno centro, no Chiado. Da mesma forma que a Zara se instalou numa rua do centro de Leiria.

            Agora, em Viseu há multinacionais que  fogem do centro da cidade para irem para a periferia (é o caso da Chicco, ou da Mango), porque se expulsaram as pessoas das ruas do centro, com a política de betão das “novas centralidades”, tão a gosto dos empreiteiros e dos especuladores imobiliários. Diz Ruas, na entrevista, que “vai (ali) haver alguma construção motivada pela nova centralidade criada”. Óbvio! E para quem ainda não percebeu: “Todos os viseenses reconhecem que o Grupo Visabeira foi das coisas boas que nos aconteceram”. “Nos aconteceram”, a quem? Fala por si, naturalmente. Lá saberá porquê.  O que nós sabemos é que o governo de Sócrates aprovou um contrato de investimento entre o Estado e a Visabeira para a amplicação e modernização do Palácio de Gelo, no montante de 37,7 milhões de euros, prevendo a criação de 40 postos de trabalho e a manutenção de 21. Compensa deitar abaixo e fazer de novo.

             O que eu sei é que a proliferação desenfreada de grandes superfícies em Viseu, não resultou numa baixa dos preços. Ainda há poucos dias uma reportagem televisiva mostrava vários fornecedores de grandes superfícies a denunciar, sob anonimato, as condições impostas a estes empresários, apesar de os preços ao consumidor praticados serem 20 a 30% mais caros do que o poderiam ser. A prova pode ser encontrada por cada um de nós. Tenho visto legumes e fruta muito mais baratos na mercearia da minha rua e noutros mini-mercados, do que nas grandes superfícies. Também no guia de compras que a DECO publicou no último Natal, pode ver-se como um mesmo frigorífico tem um preço mais baixo em duas firmas de empresários locais, a Euronics e a Electro Lar,  do que na  Worten. 

            E quanto aos postos de trabalho, qualquer dia alastram as caixas automáticas, ensaiadas já no Jumbo e no Modelo, e lá se vão os caixas de supermercado, mesmo que precários. A grande distribuição criou, em 2006, 4 mil empregos, mas provocou a perda de 24 mil. Além de que os centros comerciais são quase todos iguais, em Lisboa, em Roma ou em Istambul.

            O que distingue as cidades é o seu património histórico e a sua vivência social e cultural. A intenção da CMV de comprar o prédio quatrocentista, com duas portas ogivais (transformadas em montra de livraria),  no cruzamento da Rua Direita com a Rua da Árvore, que já foi Sinagoga (e não judiaria, como Ruas repetiu para os jornalistas), para o transformar num museu dedicado à presença judaica em Viseu, é uma óptima iniciativa (à semelhança, aliás, do que se está a fazer em Trancoso). A judiaria ia da Rua da Triparia (R. das Ameias), Rua Nova, Rua da Árvore, R. Direita até à  Rua da Judiaria (actual R. Nª. Sª. da Piedade).

             Ainda anteontem foi inaugurado o memorial judaico e católico evocativo da “matança da pascoela” de 1506, quando católicos de Lisboa  assassinaram entre 2000 a 4000 judeus (cristãos-novos), massacrando, violando e queimando homens, mulheres e crianças. 

            Entre 1565 e 1595, Viseu, a par de Guarda, Lamego, Trancoso  e Braga, contribuiu com alguns autos-de-fé para a eliminação de cristãos-novos, apesar dos marranos se terem distinguido na medicina, na agricultura e no comércio da cidade. Segundo Cecil Roth, foi com rendimentos da Sé de Viseu que Portugal “subornou” o papa para confirmar uma Inquisição independente de Roma, como já era a de Espanha.         

    É sempre bom recuperar a memória.

 

carlosvieira.jpgCarlos Vieira 

 

 
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