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Entrevista a Rui Costa - Cabeça de Lista pelo Bloco de Esquerda |
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25-Mai-2011 |
1 - Qual, na sua opinião deverá ser o rumo que Portugal terá de seguir para vencer a crise em que se encontra ?
Portugal para vencer esta crise tem de apostar na recuperação económica do país, com justiça e equidade. O Euro foi construído com base em pressupostos neo-liberais, privilegiando uma moeda forte em detrimento do desenvolvimento económico e da coesão social. Por isso, assenta a sua gestão numa pesada camisa de forças imposta aos estados membros, com critérios apertados de convergência nominal, isto é de indicadores macro-económicos que restringem o investimento público e as políticas sociais. Sucede que, tais indicadores não são absolutos, isto é reportam-se antes a uma relação dos números absolutos da dívida ou do défice orçamental com o PIB, que é a riqueza gerada pelo país anualmente. Ora, se aplicarmos uma receita para esta crise que faça diminuir o PIB de Portugal, não apenas o país ficará mais pobre, como teremos ainda uma maior degradação desses indicadores, pois mesmo que os valores absolutos da dívida e do défice se mantenham, com o decréscimo do PIB pior se demonstrarão os rácios. Assim, o memorando de entendimento com a troika (FMI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu), ao conformar-se com a diminuição do consumo e da actividade económica, com a quebra de rendimento das famílias, com o desinvestimento público e com o aumento do desemprego conduzirá a um agravamento da recessão (redução do PIB) e consequente deterioração ainda mais acentuada da actual crise e dos indicadores de défice e dívida pública.
Por isso, há que apostar em medidas diferentes, que permitam a
renegociação da dívida no quadro da União Europeia e uma distribuição de
benefícios e sacrifícios mais justa e equilibrada. Por isso, o Bloco de
Esquerda propõe uma política fiscal que vise tributar o património de
forma justa (quem tem imobiliário paga IMI, mas quem tem o mesmo
património em acções e aplicações financeiras nada paga actualmente), o
fim de um sem número de benefícios fiscais que privilegiam a banca e os
grandes grupos económicos que, aliás, são os maiores benificiários deste
pacote de ajuda que nos pretendem impor.
Entendemos ainda que devem ser lançados grandes programas de eficiência
energética, e de estímulo à actividade agrícola, visando reduzir a
dependência externa e o défice comercial. Pretendemos ainda levar a cabo
um programa nacional de reabilitação urbana, com vista à requalificação
do parque urbano actualmente existente, e por essa via estimular também
a criação de emprego.
Tudo isto será agravado para as famílias e empresas com a subida das
taxas de juro, que já se faz sentir. Hoje, uma em cada sete famílias já
não satisfaz o pagamento dos seus empréstimos. A aplicação deste acordo é
uma irresponsabilidade e conduzirá a miséria e pobreza.
Todo o conjunto das nossas propostas está ao dispor dos leitores em http://viseu.bloco.org .
2- Que compromissos pode assumir com os eleitores do círculo de Viseu para a nova legislatura?
A nossa candidatura pretende ser uma voz crítica e incómoda na Assembleia da República, ao lado das populações do Distrito.
Em primeiro lugar, o BE rejeita a política de interiorícidio que vem
sendo levada a cabo por PS, PSD e CDS. O paulatino e progressivo
encerramento de serviços públicos, em nome de uma alegada falta de
dimensão leva as populações a afastarem-se dos seus meios. Se os
critérios de mera eficiência económica presidirem à política de
instalação e encerramento de serviços públicos estaremos a acentuar a
litoralização do país, a desertificação do interior e, no fundo, a
desistir de cerca de 2/3 da área de Portugal
Em segundo lugar, a já visível desvantagem competitiva dos agentes
económicos vai ser agravada pela falta de infraestuturas de comunicação
no Distrito. A capital do Distrito continua sem uma ligação ferroviária e
o portajamento da A 24 e A 25 encarecerá o custo de vida das pessoas,
visto que o transporte de bens ficará mais caro, reduzirá a
competitividade das empresas, pelo mesmo motivo, e reduzirá o rendimento
das famílias, visto que sem traçados alternativos, os milhares de
trabalhadores que se deslocam pela A 24 e A 25 para os seus postos de
trabalho terão de gastar ainda mais para ganharem o seu pão.
Referimo-nos, especialmente, aos professores e funcionários públicos
deslocados e aos trabalhadores da PSA Mangualde e da Martifer, em
Oliveira de Frades. Em consequência, a primeira medida dos deputados
eleitos pelo BE à Assembleia da República será a revogação das portagens
nestas auto-estradas.
Mantermos o empenho e firmeza num novo Plano Ferroviário Nacional, que
contemple a nossa região e numa solução para a auto-estrada
Viseu-Coimbra, sempre com atenção e respeito aos constrangimento
orçamentais.
Em terceiro lugar apostaremos no desenvolvimento do Distrito.
Pretendemos apoiar a agricultura, e em especial a pequena agricultura,
que tão maltratada tem sido com burocracias, impedimentos e desigualdade
no acesso aos fundos comunitários. Pretendemos também dar especial
atenção ao turismo, em especial nas suas vertentes termal e patrimonial.
È necessário promover e explorar devidamente a riqueza termal do
distrito, onde muitos dos recursos não são ainda aproveitados ou são sub
aproveitados. A requalificação do património histórico-cultural é
também um factor de desenvolvimento turístico, e tem sido visível a
nossa acção, designadamente quando ao estado de ruína das Termas Romanas
de S. Pedro do Sul ou da Casa de Aristides Sousa Mendes, em Cabanas de
Viriato, entre muitos outros. No entanto, assistimos ao cabeça de lista
do PS, nas vestes de Secretário de Estado, a atribuir uma dotação de
meio milhão de euros para a construção de raiz de uma nova igreja em
Resende... Estranhas prioridades com tanto património histórico
religioso a necessitar de intervenção! E estranho silêncio das restantes
forças políticas, cuja crítica incidiu não sobre a prioridade da obra,
mas sim no facto de ela ser feita em véspera de eleições. Às vezes a
sede por votos leva a estas atitudes...
3 - O que diferencia a candidatura da sua força politica face às restantes ?
Fundamentalmente diremos o mesmo no Palácio de S. Bento e aqui no Rossio
de Viseu ou no Rossio de Canas de Senhorim. Há gente que não procede
assim. Por exemplo, há um deputado, o Dr. Hélder Amaral, do CDS, que
anuncia aqui em Viseu que pretende encerrar as grandes superfícies ao
Domingo, mas na Assembleia da República não votou a favor de uma
proposta nesse sentido do Bloco de Esquerda. Ou o que dizer dos
deputados do PS, que foram eleitos com o compromisso de manter as SCUTS,
sem portagem, e que se escondem em S. Bento atrás do PSD para
portajarem?
Viseu tem 9 deputados eleitos. Nenhum votou a favor os vários projectos
de abolir as portagens impostas nas SCUTS. Será que a população de Viseu
está assim tão bem representada? Será que a população do distrito se
revê nestas posições? Por isso, é preciso, é urgente, nestas eleições
alargar a representação do distrito na Assembleia da República ao Bolo
de Esquerda, para que Viseu tenha voz.
Rui Costa
Cabeça de Lista do BE no Círculo Eleitoral de Viseu
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