“O CINE CLUBE” E O ANUNCIADO CENTRO DE ARTES
09-Dez-2008

carlosvieira.jpgNão posso deixar de me referir ao acontecimento cultural que foi o lançamento do livro “Cine Cidade”, de Fernando Giestas, que conta a história de meio século de existência do Cine Clube de Viseu, através do percurso pelas salas de cinema da cidade.

O evento, que contou com a presença do vereador da Cultura da Câmara Municipal de Viseu, do Governador Civil de Viseu e muitos cineclubistas e cinéfilos em geral, teve lugar no Clube de Viseu, no Salão de Festas, autêntica relíquia, com palco e balcão, semelhante aos que ainda resistem em algumas associações culturais das pequenas vilas. O concerto do Coro Azul, que antecedeu a apresentação, propriamente dita, do livro, deu para comprovar a boa acústica da sala, onde já tinha ouvido, há umas décadas, Lopes Graça ao piano. Pena é que os sócios deste clube não rompam com o elitismo que o tem caracterizado de modo a partilharem mais aquele óptimo espaço com a comunidade viseense.

Esta semana, Fernando Ruas anunciou o projecto de um Centro de Artes com um auditório para 600 pessoas, na Avenida da Europa. Eis uma óptima notícia. Esperemos que para além deste equipamento, que faz falta à cidade, haja visão estratégica para gerir os recursos culturais existentes, trabalhando em rede com criadores, programadores e outros agentes culturais da cidade, da região, do país e, porque não, do estrangeiro, de modo a atrair projectos e a fixar criadores e públicos, contribuindo assim para um verdadeiro desenvolvimento da cidade e da região. Por exemplo, o Cine Clube de Viseu, com mais de 50 anos de bons serviços prestados à cidade, ainda hoje não tem uma sede e uma sala de projecção condignas (o auditório do IPJ é melhor do que nada, mas foi mal concebido de raiz).

Ou seja, o anunciado Centro de Artes não pode vir a ser uma espécie de Auditório Mirita Casimiro em ponto grande, gerido por uma espécie de Centro Cultural Distrital um pouco menos tacanho.

Texto de Carlos Vieira

in Via Rápida de 27.11.2008