Manifesto contra o MEDO! Afinal quem teme o Bloco? |
16-Set-2009 | |
Apelo a todos os militantes e simpatizantes, votantes e democratas que vêm no Bloco de Esquerda uma alternativa de mudança: Não se deixem intimidar pela crescente onda de ódio que alguns sectores nos estão a mover. O medo deles é a nossa força! Uma nova palavra de ordem instalou-se na campanha eleitoral: o Medo! O medo do Bloco de Esquerda! O ataque que começou nos inflamados e manipuladores discursos de José Sócrates rapidamente e viralmente se espalhou na suposta sociedade civil representada nas pessoas dos senhores e senhoras comentadores e analistas políticos. Não se pretende que estes sejam isentos e objectivos. Isso é um mito. Mas pelo menos podiam tentar. O apelo ao sentimento do medo é um apelo ao que de mais primário existe no ser humano. Paulo Portas sabe-o bem, e fá-lo com mestria e ao melhor estilo do conservadorismo norte-americano, de resto a melhor escola. Mas também é verdade que Paulo Portas tem uma agenda política que não esconde. Agora quando o medo é incutido descaradamente pelos "opinion makers" encartados que pululam as televisões isso só faz lembrar um "gato escondido com o rabo de fora". O ódio é visceral. O ruído é grande. E é vergonhoso o atestado de menoridade intelectual que querem passar aos milhares de homens e mulheres que votaram ainda nas últimas eleições europeias no BE. É embaraçosa a arrogância com que disparam para os milhares de cidadãos livres que concorrem às Autárquicas pelo Bloco. E salvo raras excepções, é confrangedora a falta de pluralidade de opinião nos media nacionais! Mas de que tem medo esta ilustre gente? Porque se assustam tanto? Têm medo da possibilidade de o estado voltar a adquirir GALP e EDP, empresas que sempre foram do país e serviam os interesses das pessoas, mas não se assustam com a dispendiosa nacionalização da fraude no BPN e que tão caro tem custado aos contribuintes! Têm medo da nacionalização do lucro de empresas que eram de todos e que foram vendidas ao desbarato a alguns, mas não se assustam com a nacionalização do prejuízo criminoso. Têm medo da responsabilização das empresas com apoios público para que tenham uma política de emprego estável mas não se assustam com o abuso destas na contratação viciosa e consecutiva de "primeiros empregos" que desvirtuam quer o mercado que tanto apregoam quer a política pela qual essa medida foi implementada. Têm medo da luta pelo fim da precariedade laboral mas não se assustam com os contractos a prazo, com os falsos recibos verdes e com os mais de 500.000 desempregados! Têm medo da má gestão do estado mas esquecem-se e não se assustam com o facto de maus ministros se transformarem sempre em excelentes gestores privados nas áreas que antes administravam! Têm medo de um Serviço Nacional de Saúde público, mas não se assustam com as estranhas e altas taxas dos lucrativos partos por cesariana nos hospitais privados e com o assustador despejar de doentes crónicos com seguros de saúde nos hospitais públicos! Têm medo de uma gestão hospitalar pública mas não se assustam com a escandalosa gestão privada do Amadora-Sintra! Têm medo do fim de muitos benefícios fiscais mas não se assustam com os 800€ de propinas das universidades, nem com os 200€ gastos cada ano pelas famílias em livros que poderiam ser reutilizados, nem com os PPRs em que "os bancos ganham sempre, as pessoas perdem sempre, e os contribuintes financiam o sistema" - Francisco Louçã - e que se pode verificar nos rendimentos dos últimos 6 anos. Têm medo dos subsídios aos desempregados, do apoio aos reformados, do aumento do SMN, de uma boa política de RSI, mas não se assustam com os subsídios às empresas que muitas vezes foram desbaratados em Iates, Ferraris, Moradias de Luxo e Viagens. Nem se assustam com o Salário Mínimo português, o mais mínimo da UE. Têm medo de mais justiça fiscal mas não se assustam com a fuga ao fisco através dos off-shores e com a crescente oligarqui que se tem vindo a criar. Têm medo da taxação do lucro especulativo obtido na bolsa mas não se assustam com o facto de serem sempre os assalariados a pagar as tropelias do sistema financeiro. Têm medo de mais justiça social mas não se assustam com os índices que revelam a maior discrepância entre ricos e pobres da Europa. Têm medo do casamento homossexual mas não se assustam com a ofensiva que de tão conservadora quer apenas considerá-lo para fins de procriação, excluindo assim e por princípio os idosos, os casais inférteis ou simplesmente quem não quer ter filhos. Têm medo da asfixia democrática mas não se assustam com a cada vez maior concentração dos media em grupos económicos e a asfixiante falta de pluralidade e liberdade das redacções. Eu pergunto. Quantos deles fazem parte dos 2 milhões de pobres que existem em Portugal? Quantos ganham o ordenado médio de 700€ ou o Salário mínimo de 450€? Quantos colocam os filhos em escolas públicas? Quantos é que se viram obrigados a retirar os filhos das universidades por ser um custo incomportável? Quantos são os que não têm um seguro de saúde privado? Quantos são os que não têm investimentos especulativos na bolsa? Quantos andam de transportes públicos? Quantos é que vivem no interior? Quantos foram "obrigados a optar" por viver engaiolados num subúrbio ou num bairro social? Quantos têm ainda um contacto com a pobre realidade do português médio? Quantos querem para todos a qualidade de vida que desejam para si? E por isso têm medo, medo da esperança numa mudança que tarda em chegar! Medo de perder um pouco para que muitos ganhem mais um bocadinho. Ainda este fim de semana se realizou uma manifestação nos EUA contra a reforma do sistema de saúde americano que sendo privado é um dos mais injustos do mundo. Milhares de ultra-conservadores e "rednecks" marcharam contra o plano de Obama em Washington! Porquê? Porque era uma medida socialista, e se era socialista era soviética, e se era soviética era má e anti-patriótica. E é este primarismo ideológico, este fanatismo contra certas palavras que tem caracterizado muitos dos comentários com que nos temos confrontado desde a última semana. Têm medo! Têm medo da mudança! Tal como os senhores feudais tiveram medo da abolição da servidão! Tal como os nobres tiveram medo do poder popular que entronou D. João I! Tal como o velho do Restelo teve medo da epopeia marítima! Tal como a igreja teve medo do iluminismo e do espírito científico! Tal como a monarquia teve medo da república! Tal como os fascistas tiveram medo da democracia! Está na hora. Está na hora de fazer a luta toda. Está na hora da mudança. Estes últimos 18 anos de Sócrates e Ferreira Leite conduziram-nos ao último dos últimos lugares do pelotão europeu. Já pouco há a perder. E a pior derrota seria perder a oportunidade de mudar e romper com velhas políticas que têm alimentado tantos novos-ricos. E o medo com que falam só nos dará ainda mais força para as duras batalhas que se avizinham. No domingo em Lisboa éramos milhares. Amanhã seremos ainda mais! PS: E ainda este fim de semana, ao mesmo tempo que Louçã afirmava categoricamente em entrevista ao DN a total recusa em aceitar como modelos socialistas a Ex-URSS e a China, José António Saraiva (que conheço mais pelas capas que proporcionava ao satírico "Inimigo Público" do que propriamente pela prosa egocêntrica com que vai brindando semanalmente os leitores do Sol) tornou-se o expoente máximo do ódio visceral que tem caracterizado os incessantes ataques de que diariamente o BE é alvo, ao intitular de 1917 a sua verborreia semanal para caracterizar o bloco a propósito do debate que opôs Louçã a Ferreira Leite. Eu compreendo que assim seja. O Bloco tem sido notícia em Angola, e talvez o abraço que José Eduardo dos Santos deu a António Saraiva através da compra pela Newshold de 84% do capital do jornal se comece a tornar asfixiante, porque falar de um partido democrático partindo da falsa premissa 1917 e depois ir jantar com um dos mais antigos e sanguinários ditadores africanos, presidente da oligarquia em que se transformou Angola, faz cair José António Saraiva no ridículo e torna-o numa espécie de Algoz do despotismo. Entretanto o jornal que dirige já sai em Angola. Custa 500 Kwanzas, ou seja, um angolano que receba o ordenado mínimo da função pública (para não ter que referir o salário miserável da generalidade da população, quando o tem) se comprar as 4 edições mensais gasta 1/5 do salário imagine-se! 1/5 do salário em quatro jornais! Isto sem falar no desrespeito pelos mais básicos direitos humanos, e não o faço porque para alguns só falando em dinheiro é que se cai na crua realidade. Mas para este regime só há palavras mansas. Pelo menos o Bloco foi o único partido parlamentar que recusou dar palmadinhas nas costas do ditador. O mesmo fez com a China. O respeito pela dignidade humana e pelos princípios basilares assim o exigia. Por isso caro José António Saraiva, quando voltar a falar de 1917 pelo menos tenha a hombridade de não o fazer a partir de um qualquer Hotel de Luxo em Luanda. E talvez seja por isso caro José António Saraiva, que onde agora se lê "500 Kwanzas" se escrevesse antes que o Sol era "um jornal que vale por si" numa alusão ao facto de não se oferecerem brindes. Mas parece que já não vale, e tem que se valer dos mal fadados DVD's e dos Petrodollars para se manter à tona e para disfarçar os disparates do Director, que acaba a sua crónica assim: "O homem fala em liberdade, fingindo não saber que o modelo económico que ele defende conduziu em toda a parte a sinistras ditaduras". Está a falar de Louçã, mas devia estar a pensar em José Eduardo dos Santos...
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