O Lixo e os Ratos de Fernando Ruas! Esses Não Aparecem nos Jornais!
11-Jan-2010
Blogosfera
Texto do Viseu Esquerda  

Ou muito me engano, ou o nosso presidente anda com problemas bipolares. Há noite sonha com uma intifada contra os fiscais do ambiente. De manhã acorda como se fosse o Capitão Planeta e ameaça: “ou os feirantes deixam o recinto limpo ou acaba-se com a feira”! Nem a Quercus, nem a Greenpeace, nem sequer os supostos radicais do Movimento Verde Eufémia se lembrariam de tanto.

Dracon redigiu o primeiro código escrito da Grécia no séc. VII A.C., regulamento esse que ficou célebre por punir com a morte quase todos os delitos, fossem eles muito ou pouco graves. Daí a expressão “medida draconiana”. Apesar de tudo, era amado pelos cidadãos. Tivesse nascido Fernando Ruas na Grécia do séc. VIII A.C. e talvez a palavra fosse hoje outra...

Mas se a quinta da vizinha é sempre melhor do que a minha, o mesmo se poderá dizer do pecado do vizinho, que é sempre mais gravoso que o nosso. Porque no que toca a lixeiras, a CMV relativamente aos feirantes não fica nada atrás, sendo que o ilícito é agravado pela responsabilidade devida a quem deveria dar o exemplo e a quem pede aos outros atitudes que nem o próprio toma.

Atendendo a esta foto que retrata uma moradia abandonada da CMV no Bairro Municipal

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e que em vez de pessoas desfavorecidas a habitá-la tem lixo, muito lixo que a transforma numa espécie de aterro a céu aberto, colocado lá pelos diligentes funcionários dos serviços de limpeza da CMV, podemos concluir que as palavras de Fernando Ruas não passam de cuspidelas contra o vento. Talvez não seja a ele que lhe caiam em cima, mas certamente cairão em cima dos também diligentes mensageiros da boa nova do Sr. presidente, mensageiros esses que têm feito de tudo para transformar a imprensa local numa espécie de boletim da CMV. Não todos obviamente. Mas a tendência é para que os poucos que sobram desapareçam em “reestruturações”, “mobilidades” , “reformas” ou simples despedimentos.

No Bairro Municipal, quem agradece são os ratos que de tanta fartura até já morrem de barriga cheia na estrada como este infeliz,

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quem sabe fascinado pela “rotundinha” que deverá ter inspirado o pasteleiro mais famoso da cidade (quiçá da região, quiçá do país, quiçá do mundo) e a sua fantástica decoração...

Quem agradece são também os gatos que viram por estes meses engrossadas as ninhadas tanto é o alimento e tanta é a vontade dos moradores em ter pelo menos 1 lá por casa, 2 no quintal, e quantos forem necessários na rua, retomando o hábito milenar transmitido pela cultura egípcia e colocando de lado o hábito local de “dar banho aos gatos” logo pela nascença...

Nada que aborreça o nosso presidente. As fachadas continuam de um branco imaculado e mais do que ser o que interessa verdadeiramente é parecer, mesmo que haja casas destelhadas onde a salubridade é pouca ou nenhuma para quem lá habita. O que distingue afinal um “facho” de uma “fachada”?

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Mas o Bairro é para ir abaixo de qualquer maneira. As moradias unifamiliares serão esventradas pelas retroescavadoras da empresa a quem caberá o ajuste directo. Depois é só encaixar os moradores nas gaiolas a construir e ceder terreno restante à especulação imobiliária, seguindo a velha tradição autárquica. Haverá melhor receita para a “guetização”? Só conheço uma, e essa está toda aplicada no Bairro de Paradinha. Daqui a uns anos, é ver o dinossauro que se segue a clamar por mais segurança e mais responsabilização das comunidades!
Não cederam a judiaria a um núcleo de arquitectos? Então a CMV que lhes encomende (por um preço em conta) um estudo sobre o impacto deste tipo de políticas “betoneiras” nas pessoas...

Debaixo do guarda-chuva dos 62%, tudo é possível na escola autocrata do “quero, posso e mando”. Na Madeira é pouco diferente. E não é por isso que aqui se tem mais respeito pela legitimidade bacoca de Jardim e dos seus cães de fila que o PND tem conseguido colocar a nu.

Aos senhores jornalistas, faço um apelo para que visitem o local, entrevistem as pessoas, deduzam, investiguem, documentem, triem e depois informem a sociedade. Pelo menos antes, era esta a sua função... até porque os recados estavam reservados a mensageiros ou a moços!

Por Daniel Nicola em http://viseuesquerda.blogspot.com