Os antigos trabalhadores da Empresa Nacional de Urânio (ENU) apelaram no passado sábado aos portugueses para que votem contra o PS nas eleições europeias e responsabilizaram o Governo de ser "cúmplice" e "indiferente à morte" de 120 mineiros.
O apelo dos familiares e ex-trabalhadores da ENU, sediada nas minas da
Urgeiriça, foi feito de manhã num protesto junto à residência oficial
do primeiro-ministro, José Sócrates, Lisboa, destinado a reivindicar o
direito a reformas antecipadas e a cuidados de saúde gratuitos face aos
perigos da radioactividade.
"Fomos carne para canhão do Estado, o Estado é cúmplice, trabalhámos
numa empresa com graves problemas para a saúde e nunca fomos informados
desses riscos", denunciou à agência Lusa António Minhoto, porta-voz dos
ex-trabalhadores da ENU.
Justiça na saúde e direito à reforma antecipada são as exigências que
os ex-mineiros têm vindo a reivindicar aos Governos nos últimos oito
anos.
"Face à falta de resposta do primeiro-ministro, entendemos estar aqui
hoje em frente à residência oficial em plena campanha eleitoral para as
europeias, mostrando aos portugueses e à Europa que este Governo
continua a ser injusto com os trabalhadores da ENU, a ser injusto
perante situações graves de saúde e só podíamos estar aqui presentes
para apelar ao povo português para votar contra o Partido Socialista
mostrando já um cartão vermelho a este Governo", disse António Minhoto.
"O Estado é cúmplice e é responsável pela morte de 120 mineiros e não pode ficar indiferente nem pode virar as costas", acusou.
Para receber os antigos mineiros estiveram deputados do Bloco de Esquerda, PCP e Verdes, bem como a candidata ao Parlamento Europeu pelo B.E. , Marisa Matias.
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