Louçã e Semedo em Manhouce: encontro com moradores sobre o encerramento do posto de saúde. Fotos de Paulete Matos.
O deputado do Bloco de Esquerda João Semedo esteve, esta segunda-feira,
nos concelhos de Santa Comba Dão, Nelas, São Pedro do Sul e Viseu para
se “inteirar das várias realidades vividas pelos utentes do Serviço
Nacional de Saúde (SNS)” deste distrito.
Durante a visita a Manhouce, São Pedro do Sul, Francisco Louçã integrou
a delegação que já contava com a presença do deputado João Semedo. Aí
os deputados ouviram as queixas e as preocupações de cerca de 150 pessoas desta povoação que
viu recentemente fechar a sua extensão do centro de saúde, ficando sem
acesso a consultas médicas.
Numa intervenção, Louçã acusou o Governo de olhar para a saúde “com
despreocupação”, destruindo o acesso à saúde no mundo rural, por razões
de desorganização dos serviços.
“Enquanto houver um Serviço Nacional de Saúde que não tem um médico de
família para responder a cada família em Portugal, o serviço está
incompleto e é insatisfatório”, sublinhou.
Francisco Louçã considera que devem ser dados passos decisivos no
próximo Orçamento do Estado. No entanto, defende que isso se faz “com
rigor orçamental, poupando onde se deve e não retirando o atendimento de
um médico às populações”, disse, exemplificando depois com a decisão
que o Governo tomou, em aumentar os medicamentos, que “traz aos cofres
do Estado 200 milhões de euros, mas que serão retirados às famílias mais
pobres”.
“Houve medicamentos que duplicaram e triplicaram o seu preço nos regimes especiais dos idosos mais pobres”, apontou Louçã.
O Bloco quer que as pessoas possam escolher a embalagem do seu
medicamento, pois assim pagariam menos e viveriam melhor, poupando o
Estado 200 ou 300 milhões de euros.
Louçã defendeu ainda que Portugal precisa de mais médicos, sugerindo
que se convidem estudantes portugueses de Medicina, a estudar em Praga
ou Madrid. “Há 2 500 estudantes portugueses que estão em Praga ou Madrid
a estudar e que podem ser convidados a vir para este país com um
contrato no Serviço de Saúde e um ordenado que garanta a formação na
especialidade e, assim, dê uma resposta ao país no seu conjunto”,
alegou.
“Portugal tem capacidade humana, se os recursos forem bem utilizados, não precisará do FMI”, comentou.
“Teremos uma melhor utilização dos nossos profissionais, que
responderão às populações e evitarão as situações desesperadas, como as
da população de Manhouce, que precisa de fazer 25 ou 30 quilómetros
quando tiver alguma dificuldade de saúde”, referiu Louçã.
O Bloco defende que o país precisa de um serviço público de saúde com
qualidade, junto das populações. E “não de um negócio que enriqueça
algumas clínicas privadas”, afirmou Louçã, prometendo lutar por uma
resposta directa a esta questão no próximo Orçamento do Estado.
|