No passado Domingo, dia 12 de Setembro, centenas de ex-trabalhadores da ENU – Empresa Nacional de Urânio, e suas famílias, incluindo as viúvas dos mais de uma centena que já faleceram vítimas da contaminação radioactiva, reuniram-se num convívio em Canas de Senhorim, para festejar a vitória que constituiu a aprovação da lei que dá aos mineiros de superfície a equiparação a  trabalhadores de fundo de mina,  de forma a poderem beneficiar da antecipação da idade da reforma prevista no decreto-lei 195/95, que o decreto-Lei 28/2005 alargou apenas aos trabalhadores que estavam ao serviço da empresa, na data da sua dissolução.

Só com a perda da maioria absoluta do PS foi possível aprovar no Parlamento uma lei, com os votos de todos os partidos da oposição, que contempla o acompanhamento médico periódico e o tratamento gratuito de todos os trabalhadores, cônjuges e descendentes. No entanto, estes exames médicos encontram-se muito atrasados, segundo denunciou António Minhoto, porta-voz da comissão de ex-trabalhadores da ENU.
    Apesar da vitória alcançada ao fim de dez anos de luta, os ex-trabalhadores da ENU não esquecem que ficou por verter na lei uma das suas reivindicações: o pagamento de indemnizações às famílias dos mineiros falecidos por contraírem doenças profissionais derivados da exposição à radioactividade do urânio, no exercício da sua actividade profissional. Uma reivindicação mais do que justa chumbada pelos partidos da direita, PSD e PP.
    Durante o convívio, que contou com a presença de deputados de todos os partidos com assento parlamentar, excepto, claro,  do PS, e de dirigentes do Sindicato dos Mineiros e da União dos Sindicatos de Viseu, os ex-trabalhadores da ENU receberam a notícia da morte de mais um companheiro, António Jacinto Abrantes Barros, conhecido por “Rolo”, de 62 anos, que foi chefe de grupo, no fundo da mina, vítima de cancro de  garganta. Os ex-mineiros sobreviventes honrarão a sua memória continuando a luta até à vitória final!