Associação Olho Vivo denuncia caso de sem-abrigo em Viseu que dorme junto ao multiusos
06-Jan-2011
olho_vivo.jpgLuciano Jacinto, 34 anos, é arrumador de carros junto ao Palácio do Gelo e recentemente começou a pôr música num bar de Viseu. É um sem-abrigo que está na cidade de Viriato desde Setembro e que bateu a algumas portas para pedir ajuda, mas sem sucesso.
Esta situação foi denunciada ontem por Carlos Vieira, presidente do núcleo de Viseu da Associação Olho Vivo - Associação de Defesa do Património, Ambiente e Direitos Humanos.

 

De acordo com Carlos Vieira, Luciano Jacinto dorme numa das entradas do Pavilhão Multiusos desde que chegou à cidade. Já recorreu por duas vezes à Segurança Social, para onde descontou desde os 16 anos, e ao Centro de Acolhimento da Cáritas Diocesana de Viseu[*], porém as respostas não foram as mais agradáveis. Na Segurança Social disseram-lhe que não o podiam ajudar nem com alojamento nem com dinheiro e na Cáritas justificaram a recusa em recebê-lo com a lotação esgotada dos sete quartos existentes.
O almoço é fornecido pelo refeitório social da Santa Casa da Misericórdia e o pouco dinheiro que vai amealhando é ganho a arrumar carros e, agora, a pôr música. O último trabalho que teve foi na restauração, no Algarve, mas acabou-lhe o contrato e Luciano Jacinto decidiu fazer-se ao caminho. Saiu de Tavira, passou por Beja e chegou a Viseu.
Carlos Vieira diz que este é já o segundo caso que a Associação sinaliza na cidade e não entende como é que ninguém dá apoio a estas pessoas. “Devia haver técnicos para despistarem estes casos mais gritantes. As instituições do Estado e com quem o Estado tem parcerias deviam ter técnicos que dessem apoio, porque não é só fazer “caridadezinha”, deviam dar recursos às pessoas para que elas se tornassem autónomas”, sugeriu o líder associativo.
Lamentou ainda que a sociedade olhe para a pobreza como “uma coisa normal” e sublinhou que a existência de 22 por cento de pobres em Portugal “envergonha o país”. “Dá-se um pacote de leite, as sobras do restaurante, mas isso só não chega”, concluiu.
 
[*] CáritasParoquial de Santa Maria