Cavaco contra Cavaco: A Trapalhada do BPN soma e segue
10-Jan-2011
Opinião
Texto de Maria da Graça M. Pinto
 
bpn_cavaco.pngLi  num órgão de imprensa nacional que o  maior adversário do candidato à presidência da república Cavaco Silva está a ser  o próprio Cavaco Silva. É verdade! Cavaco  dificilmente sairá incólume da polémica em torno do BPN.
 Apesar de ter negado à TVI24 ter comprado ou vendido algo do BPN, a verdade é que  105.379 acções compradas  em 2001 à SLN proprietária do BPN  a um euro  foram  vendidas   a este banco em Novembro de 2003, com um ganho de  147 mil  euros.
A operação com as acções de Cavaco tem um formato semelhante à de outras: .o BPN actuava por forma a  distribuir dinheiro por um conjunto de negócios e personalidades, escondendo lucros e prejuízos, fazendo-os circular por  off-shores e pelo fictício Banco Insular.
 Entretanto,  alguns dos principais responsáveis pela gestão fraudulenta do BPN  continuam a merecer   a   confiança política  de Cavaco integrando, inclusive, a   comissão de honra  da sua candidatura, facto que parece confirmar  a hipótese já avançada  de  ter havido neste negócio  um favor contratual de Dias Loureiro ou de Oliveira e Costa, seus ex-ministro e ex-secretário de Estado .
 O colapso financeiro do BPN tem  acarretado sacrifícios aos portugueses que com os seus impostos pagaram os custos da nacionalização desta instituição bancária.  Contrastando com a benevolência face aos  ex-accionistas  que  não foram responsabilizados financeiramente pelo saldo negativo do BPN, foi exigido ao povo português que,  pagasse este verdadeiro regabofe financeiro,
No início de 2011 o governo prepara –se para injectar  mais 500 milhões de euros neste banco,  valor que permitiria impedir grande parte das medidas de austeridade aprovadas no último Orçamento do Estado, como os  cortes nas prestações sociais, salários e reformas.
 Não ouvimos até agora uma única palavra de Cavaco Silva sobre o ónus que o descalabro financeiro do B.P.N. representou para o povo português. E  a  postura de  vitimização por parte do presidente da república , a nosso ver, não  é mais do  que uma tentativa de lançar uma cortina de fumo sobre as suas relações com os principais responsáveis pelo descalabro financeiro neste banco.
Cavaco não é um cidadão qualquer, é o actual presidente da República e candidata-se  a um novo mandato . A sua postura neste processo transforma-o, de facto, no seu principal adversário.