Portugal não tem de estar de cócoras!
18-Jan-2011
Opinião
Texto de Maria da Graça M. Pinto


  magaapb.jpgA direita  desdobra-se em  considerações sobre   a hipótese de haver uma intervenção externa  em Portugal e esfrega  as mãos de contente com a  expectativa de  o Fundo Monetário Internacional  aterrar na Portela  e  levar  a cabo as medidas que  preconiza, como a  acentuação da liberalização dos despedimentos e  o  fim do Estado Social.
A  estratégia   é clara,   fazer vingar  a ideia da inevitabilidade  de Portugal    seguir a  “receita”  do FMI,   que iria agravar ainda mais as condições de vida dos portugueses, e esquivar-se ao ónus resultante da sua  implementação a solo.  E é por isso que os seus dirigentes  se apressaram a manifestar   a sua disponibilidade para governar com o FMI e   que  o    seu candidato presidencial Cavaco Silva tem mantido uma posição bastante comprometedora face  à intervenção externa.
Ainda bem que, em Portugal,  há outras vozes que centram o seu discurso na recusa da resignação e apresentam alternativas à espiral da crise social.


Num intervenção  clara  e vigorosa, Manuel Alegre,  num  comício  em  Viseu,  defendeu o Estado Social e os Serviços Públicos ,  manifestou-se contra a política de austeridade  e denunciou    o projecto de  desmantelamento dos direitos sociais   prosseguido pela direita .  Foi porta-voz do anseio dos  portugueses que querem viver num “país justo e limpo onde os sacrifícios não sejam pedidos aos mesmos de sempre”. Manifestou a sua total oposição à   entrada do FMI em Portugal  e, recusando a  visão de uma Europa a duas velocidades,   afirmou  que  “não somos europeus de segunda, não temos de estar de cócoras, nem temos de nos submeter ao império dos especuladores”.
As posições de Manuel Alegre representam um alento à luta de quem pugna pelo desenvolvimento económico do país, por um Portugal mais  justo e  solidário. 
As crises não são inevitáveis ! A alternativa  passa pela resistência  à ditadura  dos mercados financeiros e pela aposta  no desenvolvimento sustentado. Portugal tem recursos e sinergias que podem alavancar o seu desenvolvimento. É este o compromisso  de Alegre!
À vil tristeza da submissão à especulação dos mercados financeiros  há  que contrapor  a valorização do  trabalho,  a promoção da justiça social e da solidariedade,  pilares da democracia consagrada na Constituição da República.