Egipto, a hora da Libertação! |
08-Fev-2011 | |
Opinião
Texto de Maria da Graça M. Pinto
Nas últimas semanas, o Egipto tem sido palco de gigantescas manifestações populares exigindo o fim da ditadura e da opressão neste país. As ameaças, a mobilização do exército e da polícia e o silenciamento dos órgãos de comunicação social não conseguiram travar a expressão da vontade de mudança do povo egípcio que se manifesta contra a corrupção e a pobreza, e exige liberdade e esperança económica. Na terça-feira, dia um de Fevereiro, cerca de dois milhões de pessoas saíram há rua e na praça Tahrir, praça da Libertação, uma imensa multidão exigiu a demissão do presidente Mubarak.
Perante os protestos populares o ditador recusou
demitir-se. E não é por acaso que, na sequência do discurso de Mubarak
os manifestantes anti regime, que de forma pacífica se manifestavam há
muitos dias, foram alvo de violentas investidas levadas a cabo por
alegados apoiantes de Mubarak, que, segundo a oposição egípcia,
integravam muitos polícias à paisana .
Tudo leva a crer que estes distúrbios foram desencadeados por forças interessadas em travar o processo de democratização da sociedade egípcia, numa tentativa desesperada de dar força ao argumento esgrimido pelo ditador Mubarak de que uma transição de poder a curto prazo provocaria o caos. Os Estados Unidos da América e a Europa liberal compactuaram tempo demais com um regime opressivo, obedecendo à estratégia de conviverem bem com líderes controláveis à frente de regimes ditatoriais em países árabes. Sempre em nome da defesa de uma pretensa paz e estabilidade. E é este mundo alegadamente civilizado e democrático que agora, hipocritamente, manifesta a sua profunda preocupação e defende uma mudança “estável” com base num compromisso com as forças do ditador, o que, na prática, significa uma operação cosmética na qual alguma coisa muda para que tudo continue na mesma . Os EUA e a Europa têm, agora, uma oportunidade histórica para resgatar os seus erros. Queremos acreditar que neste cenário ainda possa haver um mínimo de decência na defesa da democracia e do direito à indignação de um povo oprimido. Oxalá que o desenvolvimento deste processo faça jus ao cenário das grandiosas manifestações registadas no Cairo, a Praça da Libertação! 04/02/2011 |