Sacrifícios repartidos?!... |
16-Fev-2011 | |
Opinião
Texto de Maria da Graça M. Pinto
Mas os sacrifícios não são para todos! A banca portuguesa vai bem de saúde e, ao contrário da maioria dos portugueses que apertam cada vez mais o cinto, os bancos vêem os seus dividendos crescerem significativamente. Em 2010 os quatro maiores bancos privados portugueses tiveram lucros no montante de 1. 430 milhões de euros, o que representa um crescimento considerável em relação a 2009. No entanto pagaram apenas 134, 8 milhões de euros de impostos, menos de metade do que no ano anterior. O crescimento dos lucros da banca privada deve-se fundamentalmente a dois factores: o aumento das comissões cobradas aos clientes e a diminuição dos impostos pagos ao Estado. O governo de José Sócrates, não se cansa de prometer que os sacrifícios exigidos ao país serão repartidos, e que a todos se pede um contributo para a recuperação financeira e económica. Mas este aumento dos lucros da banca, a persistência das remunerações douradas dos gestores de empresas públicas e dos esquemas de favorecimento dos boys do costume em todas as estruturas do poder central e local demonstram à saciedade que o governo de Sócrates tem duas medidas para as exigências que faz aos portugueses. Por sua vez, não se ouve uma única voz do espectro partidário à direita do PS contra os fabulosos lucros da banca em tempos de crise e a desigualdade de tratamento fiscal face a outros contribuintes. PSD e CDS que se mostram tão zelosos na defesa do emagrecimento do Estado e da diminuição dos direitos sociais dos cidadãos permanecem mudos e quedos perante este regabofe financeiro. Este silêncio não nos espanta! Não é por acaso que PS e PSD se têm unido na oposição à aprovação de legislação que ponha cobro ao tratamento privilegiado da banca a nível das obrigações fiscais! Graça Pinto – Direcção Distrital do BE – Viseu, 14 de Fevereiro de 2011.» |