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OLHO VIVO DIZ: PIOR A EMENDA DO QUE O SONETO
26-Jan-2009
"Acabámos de ouvir na Rádio Noar o senhor presidente da CMV a
anunciar que iria resolver o problema criado pelas lajes de granito que, de
acordo com o projecto de "requalificação"(?!)da Cava de Viriato foram
colocadas no alto da muralha, com intervalos de 15 cm entre as pedras, o que já
provocou acidentes com adultos, crianças e idosos, com um ajuste directo para a
plantação relva nos intervalos das lajes (ver nosso comunicado de imprensa de
anteontem).
Somos obrigados a acrescentar: "Pior a emenda do que o
soneto". Porquê?
1. A relva entre os blocos de granito de 15 cm de altura
nunca terá consistência para impedir acidentes, pelo contrário, apenas servirá
para disfarçar os buracos entre as lajes, transformando-os numa verdadeira
armadilha.
2. Permanecerão os problemas de mobilidade para portadores
de deficiência, quer andem em cadeira de rodas, quer se desloquem apoiados em
bengalas, uma vez que se puserem a bengala num intervalo poderão cair na mesma.
O mesmo se aplica para carrinhos de bebé.
3. Esta "solução" não resolve o problema
gravíssimo do desvirtuamento do monumento (opinião que é corroborada pelo
arqueólogo Inês Vaz) que hoje é consensual entre os arqueólogos (ver site do
IGESPAR) ser de origem muçulmana, de acordo com as teses dos investigadores de
Coimbra Vasco Gil Mantas e Helena Catarino. O problema é que o arquitecto
Gonçalo Byrne ao elaborar o projecto de requalificação da Cava partiu do
pressuposto não provado de que se tratava de uma fortificação romana.
4. A justificação de que esta intervenção ficará como uma
"marca século XXI" não nos parece satisfatória, uma vez que, a
admiti-la, não se percebe por que motivo se destruiu o passeio público
construído no século XIX, a meio do talude, com um interessante banco
semi-circular junto a um bebedouro, por detrás da estátua de Viriato. Se foi
para restituir ao monumento o seu carácter original de fortificação em terra (à
semelhança da que existe em Samarrã, no actual Iraque e de que há outros
vestígios no Norte de África), o que nos parece positivo, então para quê
desvirtuar agora o passeio público no alto do talude? Note-se que a terra está
de tal maneira compactada ao longo de mil anos de uso que se podia ali caminhar
mesmo com as maiores chuvas como se se tratasse de um caminho empedrado.
5. Por último, queremos deixar claro que estamos de acordo
com a beneficiação da Cava de Viriato, tanto mais que andávamos há anos a
chamar a atenção para o desleixo a que tinha sido votada. Mas a verdade é que
este monumento único na Europa, sempre atraiu turistas e estudiosos a Viseu. O
que poderá dissuadir os visitantes de nele passearem e, ao percorrê-lo, poderem
verificar a sua verdadeira dimensão (já que a torre de observação, prevista no
projecto original, fica no tinteiro) é precisamente o perigo que constituem os
intervalos entre as lajes, com o sem relva.
Viseu, 22 de Janeiro de 2009
Pel' O Núcleo de Viseu da OLHO VIVO - Associação para a
Defesa do Património, Ambiente e Direitos Humanos