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EM ABRIL, PROVOCAÇÕES MIL! |
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27-Abr-2009 |
O presidente da Câmara Municipal de Santa Comba Dão decidiu integrar nas comemorações oficiais do 35º aniversário do 25 de Abril, “a inauguração da requalificação do “Largo Salazar”..
Face aos protestos da URAP e das organizações locais do Bloco de Esquerda, do PCP e do PS, o autarca João Lourenço disse à comunicação social que o largo já tinha o nome do ditador e inaugurar a sua requalificação no 25 de Abril “foi uma coincidência feliz”. Se tivesse dito que se tratava apenas de uma coincidência já seria grave; mas “feliz coincidência”?... O homem diz que não é admirador do Salazar, mas depois tem um “lapsus linguae” e foge-lhe o sentimento para a boca.
Ao DN disse João Lourenço que “o passado já lá vai e é preciso
exorcizar os fantasmas que muitos portugueses têm na cabeça. É preciso
que todos cresçam democraticamente”. Ora, o passado não vai lá assim há
tanto tempo para nos esquecermos dos 40 anos que Portugal sofreu com o
“botas” de Santa Comba, que levou metade da população a emigrar para
fugir à fome e à miséria; que bateu, prendeu, torturou e assassinou os
trabalhadores que lutaram pelos seus direitos e os anti-fascistas que
denunciavam a ditadura e lutavam pela liberdade do povo. Este,
submetido pelo analfabetismo e pela ignorância, foi amordaçado pela
censura, pela PIDE e por todo um aparelho de repressão que destilava
medo por todos os poros. Os únicos fantasmas que temos na cabeça são os
mortos da repressão e da guerra colonial. Quem não cresceu
democraticamente foi João Lourenço que admitiu (em entrevista ao DN)
que “provocação seria inaugurar a requalificação do Largo Salazar no 1º
de Maio, Dia do Trabalhador”. Com certeza que seria uma provocação
inaugurar no Dia Mundial dos Trabalhadores qualquer placa toponímica
com o nome de um ditador que reprimiu ferozmente os trabalhadores que
se insurgiam contra os salários de miséria e a brutal exploração dos
grandes patrões, que tinham as costas quentes pela ditadura. A
(insuspeita) revista Sábado desta semana trás um interessante artigo
sobre as relações promíscuas entre Salazar e a meia dúzia de famílias
mais ricas, a dos milionários e monopolistas que dominavam a economia
do país (Espiritos Santos, Mellos, Champalimaud, Boullosa, Manuel Fino,
Alfredo da Silva e poucos mais) com trocas de favores relacionados com
os negócios à mistura com a mais enjoativa bajulice.
Mas João Lourenço já não acha provocação associar o nome de Salazar
ao 25 de Abril. A liberdade tudo permite, até morder o próprio rabo,
pensa o edil de Santa Comba. Com certeza que graças ao 25 de Abril
ninguém o irá impedir de “comemorar” o Dia da Liberdade com uma
provocação a todos os democratas, incluindo os de Santa Comba Dão.
Precisamente pelo mesmo motivo, o presidente da Câmara Municipal de
Santa Comba também não pode impedir os democratas e anti-fascistas de
se insurgirem contra o que consideram uma provocação e uma afronta ao
25 de Abril.
João Lourenço deve sentir-se amparado pelo apoio de alguns dos seus
correligionários do PSD e do PP, como os que escrevem nos jornais
locais a elogiar Salazar. Mas devia ter a consciência de que nem todos
os eleitores que o elegeram são admiradores do ditador e, por
consequência, tinha obrigação de mostrar mais sensibilidade política
para não ofender os sentimentos dos democratas que, estou convicto,
constituem a maioria da população de Santa Comba Dão.
Um dia depois do Núcleo de Santa Comba Dão do Bloco de Esquerda
ter emitido um comunicado a repudiar esta provocação ao 25 de Abril, os
cartazes que este partido tinha afixado em placards metálicos
apareceram rasgados. Certamente, por mera (e “feliz”?) coincidência...
João Lourenço, em entrevista ao JN de 21.11.2005, disse que Santa
Comba Dão deve explorar turisticamente a marca “Salazar”, “conhecida a
nível nacional e internacional”. Só essa afirmação já é suficiente para
confirmar os receios dos que pensam que o Museu Salazar,
eufemísticamente chamado de Centro de Estudos do Estado Novo, não
pretende ser mais do que um chamariz para atrair os delinquentes da
extrema direita e os saudosistas da ditadura, como os que ali acorreram
para a contra manifestação de Março de 2007, com saudações nazis e
vivas a Salazar.
O autarca de Santa Comba Dão devia pensar noutras formas mais
eficazes de desenvolvimento do seu concelho em vez de insistir em levar
para a frente o “Museu Salazar”. Não sei se por uma “feliz
coincidência”, Soares Marques, presidente da Câmara de Mangualde,
também já anunciou o seu projecto de um Museu do Porco. Por qualquer
associação de ideias, João Lourenço lembrou-se de inaugurar a
requalificação do Largo Salazar com a oferta à população de “porco no
espeto”.
Estou certo de que os democratas de Santa Comba Dão preferirão mil
vezes o porco de Mangualde. Alguém duvida de que os objectos
pessoais do ditador não atrairão a Santa Comba nem um milionésimo das
pessoas que são atraídas a Mangualde pelo cheirinho das febras de
porco, durante a Feira dos Santos?
Legenda: Manifestação de professores, enfermeiros e outros
trabalhadores e desempregados à porta da Pousada de Viseu (Grupo
Pestana) inaugurada por Sócrates no passado dia 17. O primeiro-ministro
depois de ter alterado por duas vezes a hora de chegada, para fintar os
sindicatos que anunciaram o protesto, acabaria por “fugir” pelo portão
das traseiras. Esta manif., ao som de “Sem eira nem beira” dos Xutos e
Pontapés, só foi possível porque há 35 anos aconteceu o 25 de Abril.
Mas com os sinais de retrocesso, os portugueses começam a perceber que
a Revolução ficou inacabada!
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