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27-Abr-2012 |
Até sempre, Miguel!
Miguel Portas deixou-nos na passada terça-feira, na véspera do dia comemorativo da revolução que ele ajudou a construir e a poucos dias de cumprir, no dia 1 de Maio, cinquenta e quatro anos. Partiu um grande amigo, um camarada, cujo exemplo me iluminará o caminho.
Tive o privilégio de Conhecer o Miguel depois do 25 de Abril, tinha ele cerca de dezassete anos e era, como eu, dirigente da União dos Estudantes Comunistas. Desde o primeiro contato impressionou-me a sua inteligência, o sentido de humor, a alegria contagiante, e a imensa cultura e capacidade de trabalho que pôs sempre ao serviço da transformação do Mundo.
O Miguel era assim, um homem de dimensão maior, um cidadão do mundo que lutou até ao fim por todas as causas em que acreditava. Pertence ao panteão dos que não cruzaram os braços, dos insubmissos, daqueles que se entregaram à política de forma nobre, sem ambicionar as mordomias do poder, motivados apenas pelos seus ideais.
A prolongada doença que lhe ceifou a vida aos 53 anos não o impediu de continuar a manter a atividade política como dirigente nacional do Bloco de esquerda e deputado no parlamento europeu.
Sabíamos que a doença que o vitimou não tinha cura e que o desenlace seria, mais cedo ou mais tarde inevitável, mas quisemos acreditar que a força anímica do Miguel conseguiria trocar as voltas ao destino e que ele iria vencer mais esta batalha.
A notícia da sua morte deixou-me prostrada, mas tenho presente que o Miguel merece mais, que nos convoca a não baixar os braços, a prosseguir a luta, com lucidez e perseverança, a não desistir de contribuir para a construção de uma Esquerda Grande que torne possível a criação de um mundo mais justo e fraterno.
Até sempre, amigo! Obrigada por teres existido.
Graça Marques Pinto
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