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Louçã diz qual é a prioridade do Bloco para o Orçamento 2009 |
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15-Out-2008 |
Num artigo que aqui reproduzimos,
Francisco Louçã diz qual é a prioridade das propostas do Bloco de
Esquerda no debate orçamental que agora começa: "recompor a economia
que
proteja as pessoas, ou seja, criar emprego, recuperar os salários e
baixar os juros".
As prioridades claras devem ser emprego, salário e juros mais baixos
Francisco Louçã
Portugal vive uma crise antiga: a de um país dependente, endividado,
cuja burguesia vive do subsídio do Estado, da especulação financeira e
da exploração do trabalho barato e desqualificado.
E agora vive, como todo o mundo, uma crise nova, a explosão da bolha
especulativa que ameaça transformar-se em recessão. Os abusos da banca
atingiram proporções astronómicas: nos Estados Unidos, entre 2003 e
2007 os principais executivos levaram para casa 750 mil milhões de
euros, diz o New York Times – mais do que agora vai ser usado para
salvar os bancos americanos. Em Portugal, no BCP o que se passou foi
igual. Ora, o perigo deste sistema de especulação desbragada é que
contamina a economia e provoca desemprego.
Assim, ouvir o primeiro-ministro congratular-se com a previsão de um
crescimento de 0,1% no próximo ano, considerando que os outros países
estão pior, é um retrato implacável da incapacidade das políticas que
nos têm governado.
Perante a crise antiga como perante a nova crise, o governo arregaçou
as mangas e acudiu com galhardia às suas prioridades: salvar os bancos
que perderam fortunas na especulação, e para isso garantir 10% do PIB
em avales, quando há pouco usava a restrição orçamental para abater as
pensões futuras ou para encerrar urgências e maternidades. Esse caminho
do ataque à vida das pessoas é errado e injusto.
Por isso, o Orçamento para 2009 deve responder a prioridades e mudar de política.
Para o Bloco de Esquerda, só há uma prioridade: recompor a economia que
proteja as pessoas, ou seja, criar emprego, recuperar os salários e
baixar os juros.
José Sócrates chega ao seu derradeiro Orçamento do mandato com mais
desempregados do que quando tomou posse. E, no último ano, a situação
ainda pode piorar. Criar emprego efectivo é o único critério de uma boa
economia. Se o Orçamento falhar nesta política, é o governo que falha.
O mesmo se aplica aos juros. Depois de ter baixado a taxa de
referência, o Euribor tem descido pouco e mantém-se a níveis
inaceitáveis. Por isso, o governo – como os outros governos europeus –
deve determinar a fixação do juro admissível, para reduzir o impacto
sobre as pessoas mais endividadas. Não é aceitável que o Estado se
endivide para suportar os bancos, a juro baixo, e que não lhes imponha
a contrapartida de baixarem o juro para as pessoas.
São essas as prioridades para o Bloco de Esquerda.
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