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CASAMENTO DE HOMOSSEXUAIS E OS EQUÍVOCOS DO SENHOR BISPO DE VISEU PDF Imprimir e-mail
08-Jan-2010

Opinião

Texto de Carlos Vieira

Tenho o maior respeito pelo senhor Bispo de Viseu. Já aqui enalteci a sensatez e humanidade que demonstrou ao demarcar-se da posição do Papa Bento XVI ao afirmar que o uso do preservativo, por parte de uma pessoa infectada pelo vírus da SIDA, “não somente é aconselhável como poderá ser eticamente obrigatório”. E quando o desafiei publicamente a levar a sua coragem um pouco mais longe, não restringindo a opção pelo preservativo apenas aos infectados pelo HIV, mas a todos os que tenham comportamentos de risco, na esteira aliás de outros membros da Igreja católica, como o Bispo Torgal Ferreira que ao comentar as afirmações do Papa, afirmou que “proibir o preservativo é condenar à morte milhões de pessoas”, o bispo Ilídio Leandro, embora passando ao lado do uso alargado do preservativo,  voltou a dar mostras da sua lucidez ao defender o divórcio em casos de violência conjugal ou sempre que “o casal não consegue viver no amor”, nem recomeçar uma experiência falhada. Também não esqueço que aceitou subscrever a “Carta Aberta Sobre Políticas de Imigração”, promovida por 21 associações de imigrantes e de defesa dos direitos humanos (entre as quais a Associação Olho Vivo), ao lado de muitas personalidades conhecidas, dirigida aos órgãos de soberania e aos partidos políticos, contra as políticas nacionais e europeias que discriminam os imigrantes e dificultam a sua integração na sociedade. Por tudo isto, fiquei profundamente desiludido ao ler o artigo de opinião que o bispo Ilídio Leandro assinou no Jornal de Notícias do passado dia 3, com o título “Casamento gay e família”. 
 

Escreve o Bispo de Viseu que o governo escolheu a quadra do Natal para “machucar a Família e desestabilizar a única e verdadeira base de uma Sociedade assente em princípios que derivam das pessoas (...)” consagrando como “casamento” uniões tão distintas e tão contrárias – na essência e nos fins – ao consagrado a aceite casamento, como a união de um homem e de uma mulher, base da família”.
 Por curiosa coincidência, nesse mesmo dia, saía num outro jornal, o Público,  um artigo de um outro homem da Igreja católica, Frei Bento Domingues, que, nem de propósito, respondia, assim, às angústias manifestadas pelo bispo Leandro:
 “A discussão em torno do “casamento” entre homossexuais continua (...) Os bispos portugueses manifestaram-se nitidamente contra, mas sem apelar a manifestações de rua. Talvez seja a atitude mais acertada. Não é, aliás, uma questão que diga directamente respeito à jurisdição da hierarquia, pois não se trata da celebração católica de “casamento” entre homossexuais”.
   Como se estivesse a responder taco a taco aos argumentos do Bispo de Viseu, o eminente teólogo dominicano, aborda, no citado artigo, a relação entre o espírito do Natal e a família, ainda muito centrado na beneficência e na caridade, acrescentando:
 “No entanto, a Igreja católica, na defesa da família, terá de colocar na suas agenda uma outra perspectiva: só se defende bem a família quando se vive no horizonte do mundo como família, isto é, na construção de um mundo de irmãos. (...) No fundo, esquece-se o contencioso de Jesus, testemunhado nos Evangelhos, com a família em geral, com as famílias dos discípulos e com a sua família de Nazaré. Consta, literalmente, que os familiares de Jesus, por causa de andar a fazer família com quem não era da família e fazer da casa dos seus pais e irmãos a casa dos necessitados e excluídos, quiseram prendê-lo, julgando que Ele estava doido: (...) «Estão lá fora a tua mãe e teus irmãos que te procuram». Ele respondeu: “Quem são minha mãe e meus irmãos?” Percorrendo com o olhar os que estavam sentados à volta dele, disse: “Aí estão minha mãe e meus irmãos (Mc 3, 20-21:3, 31-35).
 Para os católicos não deveria haver melhor quadra do que a do Natal para acabar com discriminações preconceituosas, quando nasceu “a Estrela para todos aqueles que não querem uns à mesa e outros à porta”, para utilizar, ainda, palavras de Frei Bento Domingues. O senhor Bispo Ilídio que me desculpe, mas, ao escrever que para cada pessoa defende o “máximo de respeito e de dignidade”, para, logo depois, negar aos homossexuais o direito a serem felizes, casando civilmente, se quiserem unir-se por este contrato legal, faz-me lembrar os discursos racistas que, recorrentemente, começam por declarar: “eu cá não sou racista, mas...os ciganos...; os pretos...”
 Querer chamar outra coisa qualquer ao casamento dos homossexuais é discriminar homens e mulheres que têm uma orientação sexual diferente da maioria, dêem-lhes as voltas que quiserem. E a Constituição da República proíbe a discriminação com base na orientação sexual.
 Lamentavelmente, o PS ao pretender acabar com esta discriminação, incorre numa  outra, a proibição dos homossexuais poderem adoptar crianças, quando na realidade já há homens e mulheres homossexuais a viverem como casais do mesmo sexo que têm a seu cargo os filhos de casamentos anteriores ou até filhos adoptivos. Qualquer indivíduo solteiro, seja qual for a sua orientação sexual, pode adoptar uma criança. Ainda recentemente o Tribunal de Oliveira de Azeméis entregou uma criança aos cuidados de um tio, assumidamente homossexual, que vive com o seu companheiro. De facto, o que interessa num processo de adopção é o superior interesse da criança e, nesse sentido, a capacidade parental de quem dela cuida.
 O casamento, mesmo o religioso, tem mudado de acordo com a evolução civilizacional. Segundo a religião judaica (a que Cristo professou e criticou) a lei bíblica autorizava o homem a tomar uma segunda mulher; só no ano 1000 é que aboliram a bigamia. Durante a Idade Média, a Igreja Católica defendia que o casamento era só para procriar, pelo que não era lícito ter prazer no acto sexual. Apesar disso, São Tomás de Aquino, no séc. XIII, ousar dizer que o prazer era lícito, dentro de certos limites. Mas Manuela Ferreira Leite e outros continuam a negar o casamento a quem não procriar. Durante a ditadura de Salazar, por força da concordata com o Vaticano, o divórcio era proibido e quem refizesse a sua conjugalidade tinha no Bilhete de Identidade o ferrete de “casado, separado judicialmente de pessoas e bens”. Logo a segunda mulher era estigmatizada como “amante” ou “governanta”. Era este o lindo resultado da não separação da Igreja do Estado. O casamento tinha que ser “até que a morte vos separe”... e muitas mulheres só conseguiram separar-se quando assassinadas pelos maridos. Ainda hoje!
 Na Grécia antiga a homossexualidade não era estigmatizada e há registos de casamentos homossexuais no império romano, no séc. I a.C. Segundo o prestigiado historiador Jacques Le Goff, “a homossexualidade beneficiou, pelo menos até ao séc. XII de uma certa indulgência da Igreja, ao ponto de uma certa forma de cultura gay se ter desenvolvido no seu seio”.
 Em suma, a Igreja e os católicos fundamentalistas deviam antes preocupar-se com os escândalos que abalam a Igreja Católica por todo o mundo, com dioceses nos E.U.A. a declararem falência para não terem de pagar milhões de dólares aos milhares de vítimas de abusos sexuais por parte de padres, abusos que, tal como na católica Irlanda, tiveram a cumplicidade da hierarquia da Igreja. Ainda hoje foi noticiado que um padre português, responsável pela Pastoral dos Portugueses, perto de Paris, foi preso acusado de pedofilia. Vão pregar a vossa moral para as vossas igrejas e deixem as leis da República para o Estado laico. Deixem de querer castigar quem apenas quer ser feliz!

no Jornal Via Rápida,

 
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