Escolas do Primeiro Ciclo e Jardins de Infância degradados e em espaços inadequados
04-Nov-2008
spregiao_centro.jpgO Sindicato dos Professores da Região Centro (SPRC) alertou hoje para a existência de um “largo conjunto” de escolas do primeiro ciclo do ensino básico que estão “completamente degradadas” e de jardins-de-infância que funcionam em “espaços inadequados”.
Durante uma conferência de imprensa em Viseu, Anabela Sotaia, coordenadora-adjunta do SPRC, lamentou que o Ministério da Educação tenha investido “em tudo menos nas condições físicas das escolas”, que considera não terem recebido “as requalificações necessárias”.

Anabela Sotaia questionou como é possível que as crianças possam aprender sem condições físicas dos espaços, “mesmo tendo o [computador] Magalhães e quadros interactivos”, dando como exemplo os contentores que são frios no Inverno e quentes no Verão.

“Este Governo não se preocupa em encontrar soluções para os problemas que são graves, profundos”, considerou, lamentando que “todas as medidas tomadas tenham sido para alcançar resultados imediatos” e “melhorar as estatísticas”.

Segundo a coordenadora-adjunta do SPRC, “Viseu é um dos distritos onde os problemas das condições físicas das escolas mais se tem sentido, onde não se investiu quase nada nos últimos três anos”.

O dirigente sindical Francisco Almeida, de Viseu, lembrou que no distrito encerraram cerca de 500 escolas e que apenas “foram construídos dois ou três centros escolares” em 24 concelhos.

“Corremos o risco de haver escolas que têm o Magalhães e não tem instalações sanitárias capazes”, afirmou, apontando ainda problemas ao nível das refeições, em muitos casos servidas nos halls de entrada, “espaços frios e sem condições de higiene, onde a loiça é lavada não se sabe muito bem como”.

Francisco Almeida está convencido de que “se a ASAE (Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica) por lá passasse no dia seguinte encerravam as refeições num grande conjunto de escolas de Viseu e da Região Centro”.

A forma como estão a funcionar os transportes escolares foi outro dos pontos abordados na conferência de imprensa, bem como a falta de auxiliares de acção educativa, “colocando em causa a segurança das crianças”.

Durante a conferência de imprensa, foram dados vários exemplos do que os dirigentes sindicais chamam de “país real”.

Em Cinfães, contam que o jardim-de-infância da vila tem uma das turmas instalada em Travassos, “a três quilómetros da vila, no edifício onde até algum tempo funcionava a escola do primeiro ciclo”. Por outro lado, “as crianças são transportadas pelos pais porque a Câmara Municipal de Cinfães se recusa a assegurá-lo” e “o almoço é servido no hall de entrada da escola”.

No mesmo concelho, as actividades de Enriquecimento Curricular das escolas de Meridãos e Tarouquela funcionam em contentores, “provisórios há dois anos”, sendo que o de Tarouquela “tem nove metros de comprimento e três de largura para 20 crianças”.

Outra das situações que mais aflige o SPRC é a do jardim-de-infância de Carvalhais, no concelho de S. Pedro do Sul, que “funciona provisoriamente há 27 anos no edifício da Junta de Freguesia”, dividindo-se as crianças entre a cave (onde dormem) e o rés-do-chão (sala de actividades e sala para o almoço) entre as 07:45 e as 19:00.

No que respeita aos transportes, realçaram o caso das crianças de Monte do Bispo, no concelho de Belmonte, que “para fazerem um percurso de cerca de quatro quilómetros e terem aulas às 09:00 saem de casa às 07:45”.

O SPRC apresenta uma longa lista de casos, que vai dar a conhecer ao Ministério da Educação, convidando o primeiro-ministro e a ministra Maria de Lurdes Rodrigues a visitarem Mosteiro de Cabril (Castro Daire), Areias de Vilar (Aveiro), Senhora do Pranto (Ílhavo) ou Casegas (Covilhã) “para mostrar ao país as condições em que muitas crianças e professores trabalham e estudam”.

Texto: Agência Lusa
Foto: Diário de Notícias

2008/10/30