ONDE PARAM OS CANDEEIROS DE MESTRE MALHO? |
09-Dez-2008 | |
Outros exemplares iguais já tinham sido retirados, nomeadamente na fachada do Museu Grão Vasco, aquando da remodelação projectada pelo arquitecto Souto de Moura, mas onde se nota mais a ausência é precisamente na esquina do Adro da Sé com a Praça D. Duarte, por cima das escadinhas.
Note-se que aquele candeeiro, verdadeira obra prima do “poeta do ferro”, como lhe chamou Aquilino Ribeiro, era um dos motivos favoritos de turistas e fotógrafos que recortavam as linhas escuras do ferro contra o azul do céu.. A sua beleza mereceu-lhes irem decorar a alva e majestosa fachada da Igreja da Misericórdia de Viseu.
Logo que nos apercebemos que este candeeiro tinha sido retirado, quisemos acreditar que teria sido mesmo sido para recuperar. No entanto, quer-nos parecer que já passou tempo suficiente para o efeito. Por outro lado, há sete anos, quando denunciámos a substituição dos candeeiros da Praça D. Duarte, da Rua Direita e de outras ruas do centro histórico, igualmente de ferro forjado, (embora não creiamos que sejam da autoria do mestre Malho, não obstante termos visto os respectivos moldes na Serralharia Malho, o presidente da Câmara Municipal de Viseu), Fernando Ruas desculpou-se, perante as câmaras da televisão, afirmando que os candeeiros tinham sido retirados para recuperar, após o que seriam recolocados noutras ruas não intervencionadas pelo Procom (programa de Apoio ao Comércio), tendo atribuído a decisão de os substituir ao arquitecto responsável por este projecto, como se a responsabilidade não fosse do dono da obra, ou seja, da CMV. Efectivamente, mais tarde, alguns destes candeeiros foram recolocados na Rua Silva Gaio, na Rua das Ameias e na Calçada da Vigia, mas a verdade é que nas ruas principais do centro histórico, na Rua Direita, na Praça D. Duarte, na Rua Nova, na Rua D. Duarte, nunca mais foram vistos.
Não obstante também termos chamado a atenção da autarquia para o crime de lesa património que constituiria a substituição dos candeeiros de ferro fundido, estilo Arte Nova, na Rua do Comércio, por serem do mesmo estilo dos prédios mais bonitos daquela artéria, do início do século XX, a CMV deixou-os encavalitados pelos mesmos que tinha colocado nas ruas medievais, durante sete anos, tendo há cerca de meio ano decidido retirar ambos, substituindo-os por um terceiro modelo.
É por estas e por outras que somos levados a desconfiar das intenções da autarquia e a apelar à vigilância dos viseenses.
Associação OLHO VIVO -Núcleo de Viseu |