Comissão toma posse na Citroën
06-Fev-2009
citroencomissao.jpegAgendar, "com urgência", reuniões com a administração da Peugeot-Citroën, de Mangualde, com o intuito de "clarificar as perspectivas em relação ao futuro da empresa" é o principal objectivo da nova Comissão de Trabalhadores que tomou posse, ontem, dia 5. O representante da comissão, Jorge Abreu, afirma que "há falta de diá-
logo". "Queremos compreender as razões que levaram à redução do número de postos de trabalho. E queremos saber que apoio a empresa recebeu por parte do Estado", refere Jorge Abreu.

O dirigente sublinha a comissão de trabalhadores já "solicitou diversas reuniões quer com a administração, quer com o Ministério da Economia e com o Ministério do Trabalho e da Solidariedade Social", mas que "até ao momento os pedidos não foram aceites". "O Ministério da Economia não pode fazer um show-off com o plano de ajuda ao sector automóvel, a dizer que vão ser mantidos os postos de trabalho, quando isso não está a acontecer na Citröen. É preciso clarificar que verbas foram concedidas à empresa e se o acordo está ou não a ser cumprido", explica.

A actividade de produção esteve, também, suspensa até ontem, dia 5. A segunda paragem na empresa, que teve início no dia 23 de Janeiro, contou para a bolsa de horas que foi acordada entre os trabalhadores e a administração. Já no final de 2008, no mês de Dezembro, a empresa tinha optado por interromper a actividade durante cerca de 20 dias, aproveitando o período de férias do Natal. A quebra de encomendas é a razão apontada pelos responsáveis da empresa para a suspensão da produção.

No início de Janeiro, a empresa despediu cerca de 500 trabalhadores, o que levou à eliminação de um dos turnos de produção. A fábrica está, actualmente, a operar com dois turnos, um das 7h00 às 15h00 e outro das 15h00 às 23h00. Alguns funcionários manifestaram, ao Jornal do Centro, o receio de que seja eliminado mais um turno. "Já ouvimos algumas conversas de que a administração podia vir a reduzir a produção só para um turno. Se isso acontecer acredito que a empresa não fique muito tempo aberta em Portugal". Jorge Abreu reconhece que "há muita especulação", devido à falta de esclarecimentos. "Os trabalhadores não podem viver angustiados, na expectativa do que pode ou não acontecer no futuro".

A comissão espera reunir em breve com a Inspecção-Geral do Trabalho.
in Jornal do Centro ed. 360, 06 de Fevereiro de 2009