RUAS, APANHADO EM EXCESSO VERBAL, LAMENTA NÃO TER JORNALISTAS MUNICIPAIS
07-Dez-2007
autostop.jpgO presidente da Câmara Municipal de Viseu teve o azar de ser apanhado por um radar numa operação stop da PSP, quando conduzia com excesso de velocidade, na Avenida da Europa. O Governador Civil, que acompanhava a operação, dirigiu-se a Fernando Ruas, tendo este, após uma breve troca de palavras, seguido viagem sem ser identificado.
Aparentemente, tudo teria ficado na paz do senhor (presidente), não fosse o azar (o segundo) de ter sido convidada a comunicação social para cobrir o evento. Os radares jornalísticos mostraram uma série de atrapalhadas explicações. Ruas afirmou que nenhum polícia lhe disse que cometera qualquer infracção.
O comandante da PSP atribuiu o lapso a um "descontrolo" dos agentes. O polícia que mandou seguir Fernando Ruas pensou que este incorporava a comitiva do Governador Civil. E este último garantiu que só informou o autarca da operação, não se tendo apercebido da infracção. A história veio em todos os jornais, locais e nacionais. Ao fim de dois dias o Comandante da PSP comunicou aos jornalistas que a multa já tinha seguido pelo correio.

Tudo isto não passaria de um "fait diver" sem grandes consequências para o prestígio e dignidade do presidente da Câmara Municipal de Viseu (CMV) e presidente da Associação Nacional de Municípios, não fosse a sua irreprimível tendência para acelerar verbalmente sempre que se sente apertado. Em vez de se limitar a assumir a infracção (circular a 90 Km/h numa Avenida em que só se pode conduzir a 50 Km/h, como acontece todos os dias com centenas de condutores, naquela artéria, praticamente virgem de habitações, assim como na circunvalação e nas demais radiais) Fernando Ruas atirou-se para cima dos profissionais da comunicação social apelidando-os de "polícia jornalística", argumentando que se a infracção tivesse ocorrido em Lisboa ninguém saberia de nada. Então, os cidadãos não têm o direito de ser informados sempre que um governante infrinja a lei? E qual a necessidade de dizer que não prevaricou "premeditadamente" (DN)? Todos sabemos que ninguém apanha uma multa premeditadamente. Premeditar é pensar e o pé não pensa. O pé escorrega para o acelerador mais facilmente do que a boca para a asneira. Claro que também não passa na cabeça de ninguém que o presidente da Câmara tivesse pedido favores à PSP e muito menos ao Governador Civil. Só os pobres e os simples é que pedem favores; os ricos e os poderosos trocam favores. Não tinha, pois, Fernando Ruas necessidade de provar a sua honestidade dizendo aos jornalistas que nem precisaria de pedir favores já que, (pasme-se!): "bastaria ter dito que me tinham telefonado da Polícia Municipal e que por isso tinha vindo a correr" (Público de hoje).

Sugiro a Fernando Ruas que coloque em cima do jipe aquelas luzes azuis rotativas para assinalar veículos prioritários. Assim, sempre que algum munícipe o vir a conduzir com excesso de velocidade terá a certeza de que o seu presidente vai numa urgência, quiçá para acudir a algum assalto, mostrando, exemplarmente, que a polícia municipal não serve só para passar multas. A propósito, não quererá criar, também, jornalistas municipais?...

Carlos Vieira