SE VISEU NÃO TEM UNIVERSIDADE PÚBLICA DEVE-O, EM PRIMEIRO LUGAR, A FERNANDO RUAS E AO PSD
08-Jan-2010

Comunicado

 O anúncio do ministro Mariano Gago da criação de um curso de Medicina na Universidade de Aveiro (UA) veio provocar uma onda de indignação por parte do PSD/Viseu e, em particular, de Fernando Ruas que já decidiu apelar a uma nova mobilização dos viseenses.
 O Bloco de Esquerda demarca-se desde já deste alarido hipócrita e acusa mais uma vez os partidos que têm tido responsabilidades, de forma rotativa, no governo do país de serem os responsáveis pelo facto de Viseu não ter uma Universidade Pública, por não terem sabido apresentar uma projecto credível, enredados em compromissos, repetidamente assumidos, de não beliscar os interesses particulares dos estabelecimentos de ensino superior privado, (cooperativo e concordatário) existentes em Viseu. Por isso é que todos os projectos apresentados pelo PSD não passaram de logros, como o projecto de Veiga Simão que mais não era do que “oferta pública de ensino privado”, como denunciámos oportunamente, ou como a “universidade telemática”, apadrinhada por Almeida Henriques, que  não passava de “ensino à distância”, quando a Universidade Aberta já tinha um Centro de Apoio na Escola Superior de Educação de Viseu.
 

De igual forma, o estudo que Correia de Campos coordenou para a instalação de um Curso de Medicina em Viseu só poderia ser implantado na Universidade Católica ou no Piaget, uma vez que Viseu não tinha nenhuma universidade pública que o promovesse, como aconteceu com a Universidade da Beira Interior. Por isso, a manifestação em Viseu, contra o Governo de Guterres por preferir a Covilhã à “candidatura” de Viseu foi um aproveitamento hipócrita e demagógico. 
 A grande oportunidade perdida foi, sem dúvida, a do projecto do Governo de Guterres de criação em Viseu de uma unidade orgânica da Universidade de Aveiro (com a designação de Instituto Universitário) que, embora também não se destinasse, inicialmente,  a cursos de licenciatura, acabaria por ganhar autonomia ao fim de seis anos. Mas, nessa altura, houve quem sobrepusesse preconceitos “bairristas” aos interesses da região. Foi o caso de Fernando Ruas que confessou à comunicação social que não gostaria de passar à porta da Escola e ver uma placa a dizer “Universidade de Aveiro”. O veto do Presidente da República fez a vontade ao PSD de Durão Barroso,  e Viseu desperdiçou uma oportunidade única de ter ensino universitário público que hoje já teria ganho autonomia administrativa em relação à Universidade de Aveiro.
 Agora, ironia do destino, é a Universidade de Aveiro que vê recompensados os longos anos de trabalho preparatório que culminou num consórcio com o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto e parcerias com vários hospitais, incluindo o de São Teotónio de Viseu.
 Resta aos viseenses lutar pelo reforço do ensino superior público existente em Viseu, exigindo a transformação do Instituto Politécnico em Universidade Politécnica, com a passagem da Escola Superior de Saúde, subaproveitada, para Faculdade de Medicina, de acordo com a moção apresentada pelo Bloco de Esquerda na Assembleia Municipal de Viseu, em 29.12.2008, aprovada sem nenhum voto contra. Pelo relato de Fernando Ruas da reunião que teve com Mariano Gago, o ministro só invocou contra esta solução o argumento financeiro. É este muro pouco consistente que teremos de derrubar, se não nos distrairmos com velhas manobras de diversão.

Pelo Secretariado da Coordenadora Distrital de Viseu do BLOCO DE ESQUERDA
Carlos Vieira e Castro