VIDEOVIGILÂNCIA NO CENTRO HISTÓRICO OU “BIOVIGILÂNCIA”?
08-Fev-2010

 Opinião

Texto de Carlos Vieira  

camara-vigilancia.jpg Hoje é o Dia Europeu de Protecção de Dados, o que levou a Comissão Nacional para a Protecção de Dados a chamar a atenção da população para os riscos de divulgar informação e opiniões pessoais nas redes sociais, tipo Facebook, que poderão ser pesquisados, por exemplo, por empresas que pretendam saber dados não legais acerca da vida pessoal dos candidatos a emprego. Outro dos alertas prende-se com a utilização cada vez mais generalizada da videovigilância. Recordo que a Comissão Nacional de Protecção de Dados chumbou, há pouco tempo, a instalação de 32 câmaras de videovigilância na Baixa Pombalina, a pedido da autarquia lisboeta.

Num inquérito efectuado, recentemente, pelo Diário de Viseu, alguns dos entrevistados mais jovens manifestavam-se contrários ao uso de câmaras de videovigilância, apontando como alternativa o policiamento de proximidade (como agora está a ser feito na Rua Direita, graças ao Contrato Local de Segurança entre o município e o Governo Civil, reforçando o policiamento com meios humanos e de locomoção adequados àquela artéria) e o repovoamento do centro histórico. Essa é precisamente a solução que eu tenho vindo a defender, nomeadamente, nestas crónicas, indicando  como alternativa mais eficaz aquilo a que chamo de  “biovigilância”: a vigilância que só a vida social de uma cidade pode traduzir. A reabilitação de um terço dos edifícios do centro histórico, que se deixaram degradar, em alguns casos até à ruína, é um caminho que mal se encetou, estando com vinte anos de atraso.
O próprio presidente da Assembleia Municipal de Viseu e deputado do PSD, Almeida Henriques,  há cerca de uma semana, criticou publicamente as “políticas de urbanismo que empurraram os cidadãos para a periferia” transformando as cidades em “autênticos donut’s” relegando para segundo plano o comércio de proximidade. Não se poderia ser mais crítico da política municipal que tem permitido a asfixia e a morte lenta do pequeno comércio pelo cerco das grandes superfícies à volta da cidade, apostando em “novas centralidades”, a outra face da desertificação humana (e consequente insegurança) do centro de Viseu.