Viseu e a Universidade Pública |
13-Abr-2009 | |
O Bloco de Esquerda conseguiu aprovar por unanimidade em
Assembleia Municipal, no final do ano passado, uma moção na qual propôs
a transformação do Instituto Politécnico de Viseu (IPV) em Universidade Politécnica (U.P.),
podendo a Escola Superior de Saúde albergar o curso de Medicina, sendo
a melhor solução para responder ao anseio e necessidade da população do
Distrito de Viseu. Um inquérito feito no site http://viseu.bloco.org teve como resultados uma esmagadora maioria de respostas favoráveis à criação de uma Universidade em Viseu (81%), sendo
que cerca de metade dos inquiridos defende uma U.P. (45,2%), 28,6% uma
Universidade envolvida na, e pela, cidade e apenas 7,1% acharam que a
melhor solução é a construção de uma Universidade de Raiz.
Motivos para a criação desta U.P. não
faltam, bem como os benefícios para a região.
1- A população de Viseu já chegou aos 100 000 habitantes, necessita assim de soluções académicas que acompanhem a crescente necessidade de qualificação, evitando a necessidade de deslocação dos jovens Viseenses para outras cidades.
2- Diversos estudos mostravam que em 2000 a região de Viseu tinha 250 mil jovens em idade de frequentar ou aceder rapidamente ao ensino superior, e a capacidade de drenagem de cerca de 650 mil jovens da vasta região envolvente.
3- A existência de uma Universidade Publica iria proporcionar novas oportunidades para travar o êxodo da população para o litoral, ajudando assim a diminuir a desertificação do interior e do distrito, pois esta universidade deveria contemplar pólos deslocalizados, como por exemplo a transformação das já existentes a Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Lamego (ESTGL) e a Superior de Educação de Viseu - Pólo de Lamego.
4- A transformação do IPV em U.P. permitiria resolver várias situações de falta de espaço e condições para o desenrolar da formação, posso dar vários exemplos, na Superior de Educação de Viseu as salas não têm espaço para todos os alunos das turmas, o laboratório de fotografia é minúsculo e a de sala arte insuficiente, ou até na ESTGL onde os alunos têm aulas em pré-fabricados.
5- A possibilidade da criação do curso de Medicina na Superior de Saúde irá responder á necessidade de médicos no Sistema Nacional de Saúde evitando o recurso a médicos já em reforma e do estrangeiro.
6-A dinâmica criada por uma Universidade proporcionaria o pensamento, debate e estudo racional sobre os problemas da região, contribuindo assim para o desenvolvimento sustentável da cidade e distrito.
7- Viseu é uma cidade central, com acesso rodoviário privilegiado que deixa Viseu perto de grande parte da região Centro/Norte, estando apenas a faltar a ligação Ferroviária e a transformação do IP3 para Coimbra em auto-estrada.
8- A existência de ensino superior privado em Viseu não pode servir de desculpa para a desresponsabilização do estado na criação de uma alternativa pública.
9- Uma Universidade Empresarial como foi apresentada pela Associação Empresarial da Região de Viseu, sem necessidade de construção de infra-estruturas, visto que a formação aconteceria nas próprias empresas, sendo estas a gerir e a definir as prioridades de formação e investigação, não passa de uma ilusão que unicamente iria servir os interesses das mesmas empresas, onde não se iria formar cidadãos pensantes com capacidade de desenvolver ideias e projectos necessários para a evolução de toda a população e tecido empresarial, criando assim mão-de-obra preparada unicamente para as necessidades presentes, possivelmente descartáveis quando não fizerem falta.
Muitos mais podem ser apontados, mas o principal é relançar o tema, debatê-lo e propô-lo. Esta reivindicação tem mais de 10 anos e está na hora de se fazer ouvir!
Carlos A. M. Couto |