A EUROPA QUE SE ESCONDE NO TRATADO |
18-Dez-2007 | |
![]() Dizem os nossos inteligentes governantes que o Tratado é demasiado complicado para o povo entender. Ainda assim, houve quem, no PS, se preocupasse com as consequências que poderiam advir do incumprimento daquela promessa eleitoral. Vital Moreira tirou um coelho da cachola e sugeriu um referendo com a seguinte pergunta: "Concorda com a continuação de Portugal na União Europeia?". Como se fosse a permanência na UE que estivesse em causa e não a construção de um Europa cada vez mais neoliberal, onde se pretendem submeter os serviços públicos às regras da concorrência, privatizando-os até acabarem de vez com Estado Social. Sendo praticamente igual ao chumbado Tratado Constitucional, este tratado foi propositadamente complicado com 13 protocolos e não sei quantas declarações anexas aos protocolos. Há que descodificá-lo e discuti-lo para que a Europa não se construa nas costas dos cidadãos europeus. Mas, enquanto os dirigentes europeus passam um atestado de ignorância aos seus povos, o presidente francês propôs a constituição de um "grupo de sábios" para pensar a Europa até 2020. Sarkozy e Merkel parecem apostar em Felipe Gonzalez para presidir a este grupo de inteligentes. Não podiam escolher melhor para pensar uma Europa que o Tratado de Lisboa submete ainda mais à NATO, uma organização já condenada por actos terroristas na Europa entre 1965 e 1972 (Operação Gládio, que se prolongou em Portugal até ao Verão quente de 75), do que um homem que, enquanto primeiro ministro de Espanha, não hesitou em recorrer à tortura e ao terrorismo de Estado para combater o terrorismo dos independentistas bascos da ETA (um problema político que só pode ser resolvido com coragem política, como aconteceu na Irlanda do Norte). Mas o que é que se pode esperar desta Europa, quando até Durão Barroso teve o desplante de apresentar como atenuante para a sua participação na ignição da criminosa guerra do Iraque, não só o ter sido enganado (como se Bush merecesse alguma credibilidade a qualquer pessoa minimamente inteligente), como a compreensão manifestada pelos chefes políticos europeus ao escolhê-lo para presidente da Comissão Europeia?...
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Carlos Vieira
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