O ANEDOTÁRIO DE RUAS |
13-Jan-2008 | |
![]() Arranjem lá um grupo e corram-nos à pedrada, a sério!
Já antes desta cena, a revista Visão lhe tinha chamado Saddam das Beiras, mas convenhamos que nem as semelhanças físicas justificavam tamanho insulto. A gente até já começava a habituar-se e a divertir-se com as aguilhadas do presidente. É assim como ver o Alberto João Jardim a chamar filhos da puta aos jornalistas do continente. Lembram-se de Fernando Ruas ter chamado pavaio, um misto de pavão com papagaio a José Junqueiro (que, mantendo o nível, replicou com camurso um misto de camelo com urso)?
Ou então quando desafiou os arqueólogos a dizerem qual das duas muralhas, a da Rua Formosa ou a de Santa Cristina (uma com pedras bem aparelhadas e a outra quase desfeita) era verdadeira? Longe vai o tempo em que chamava elefante branco ao Teatro Viriato e dizia que Viseu não tinha falta de espaços culturais, bastava ir às aldeias, garantindo que preferia fazer pavilhões desportivos porque ali se podia fazer teatro e num teatro não se pode jogar basquetebol. A propósito das agressões homofóbicas em Viseu, o presidente da Câmara justificou assim a sua passividade inicial: Não tenho nada a ver com os homossexuais, assim como não tenho a ver com os ciganos ou com as prostitutas. Bingo! A última de Ruas foi quando, apanhado em excesso de velocidade na Av. Da Europa, acusou os jornalistas de estarem armados em polícias, acrescentando que, se quisesse, podia ter mentido desculpando-se com uma chamada urgente da polícia municipal. Os adversários políticos na Câmara e na Assembleia Municipal de Viseu também já se habituaram ao estilo contundente e grosseiro. Desde os jovens deputados do PS, tratados como se fossem garotos, até à deputada municipal do Bloco de Esquerda a quem chegou a dizer: Se fosse um homem, respondia-lhe de outra forma! Agora, de mau gosto, sem piada nenhuma, foi a resposta de Fernando Ruas, na última Assembleia Municipal, às críticas de Fernando Figueiredo (FF) à gestão municipal do centro histórico, acusando-o de nem sequer saber gerir os seus próprios negócios. É sabido que FF e os seus sócios fizeram da Livraria da Praça um singular espaço de cultura e de animação cívica da cidade, apenas soçobrando devido à política de Ruas de cercar a cidade com grandes superfícies (a que a abertura da FNAC no Palácio de Gelo não é alheia) e à sua subjugação aos interesses da especulação imobiliária que levou não só à desertificação do arruinado centro histórico, como à expulsão de muitos habitantes das principais ruas do centro, nomeadamente porque não soube salvaguardar o estacionamento para os moradores. E ainda por cima insulta os munícipes que se esforçam por dar vida ao centro histórico e à cidade? Já não é com barraquinhas de Natal que se salva o pequeno comércio e o centro da cidade. Duas décadas de gestão anedótica desiludem mais do que a queda de neve no Rossio. Os viseenses começam a ficar fartos de tanta arrogância e incompetência. Agradecemos à CMV, aos governos e aos fundos comunitários o parque linear do Pavia (que já se vislumbra a única obra decente do ViseuPolis), mas, por favor, senhor presidente, não estrague mais a cidade. Já nem consegue fazer-nos rir.. ![]()
Carlos Vieira
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