FMI, o Papćo!... |
17-Nov-2010 | |
Opinião
Texto de Maria da Graça M. Pinto ![]()
O nervosismo dos mercados, razão avançada por muitos
analistas para justificar este crescendo dos juros da dívida pública,
mais não é do que uma tentativa de tapar o sol com a peneira . A grande
questão de fundo é que quanto mais fraca estiver a economia portuguesa
mais vulnerável estará à especulação financeira.
Os argumentos de que se prendem com a ordem financeira global soam a déja vu!. A necessidade de acalmar o nervosismo dos mercados e a de obviar a que o FMI aterrasse na Portela foram , ontem, como hoje, as razões invocadas para justificar um acordo entre o PS e o PSD, que se traduziu em novos sacrifícios, para a maioria dos portugueses, em nome do interesse nacional. O FMI não vem aí, já cá está, e os portugueses conhecem-no bem através dos Programas de Estabilidade e Crescimento 1, 2, e 3, que impuseram medidas como o corte nos salários. Entretanto, os mercados financeiros não deram sinais de acalmia face às desastrosas medidas adoptadas. Não melhorou a saúde financeira do Estado e as condições de vida dos portugueses vão de mal a pior! E, ao mesmo tempo que se degradam as condições de vida da maioria dos portugueses e se antevê uma recessão económica, há quem lucre com o agravamento da dívida pública , como é o caso da banca portuguesa – a mesma banca que em tempo de crise beneficiou de chorudos apoios, como foi o caso do BPN, que, depois de ter entrado em bancarrota em consequência do desgoverno e fraudes dos seus responsáveis, beneficiou da bondosa injecção de 5 mil milhões de euros por parte do governo. A mesma banca nacional e europeia que pede empréstimos ao Banco Central Europeu, a um por cento e, depois, à “ boleia da crise”, de acordo com as regras instituídas pela zona euro, pode pedir ao BCE um financiamento que o Estado Português não pode ter, mas os bancos têm-no - , e compram títulos a taxas muito superiores, especulando contra o seu próprio país. A bem da equidade e da justiça, há que pôr cobro a esta regra da zona euro que impede que os Estados em dificuldade acedam a empréstimos do Banco Central Europeu , permitindo que as economias mais vulneráveis estejam sempre à mercê da especulação por parte dos mercados financeiros. |