Egipto, a hora da Libertação!
08-Fev-2011
Opinião
Texto de Maria da Graça M. Pinto

protesto-egito-20110128-01-size-598.jpgNas últimas semanas, o Egipto tem sido palco de gigantescas manifestações  populares  exigindo  o fim da ditadura e da opressão  neste país.  As ameaças, a mobilização do exército e da polícia e o silenciamento dos órgãos de comunicação social não conseguiram travar a expressão da vontade de mudança do povo egípcio que se manifesta contra a corrupção e a pobreza, e exige liberdade e esperança económica.
 Na terça-feira, dia um de Fevereiro, cerca de dois milhões de pessoas saíram há rua e na praça Tahrir, praça da Libertação, uma imensa multidão  exigiu a demissão do presidente Mubarak.
Perante os protestos populares o ditador recusou demitir-se. E não é por acaso que, na sequência do discurso de Mubarak os manifestantes anti regime, que  de forma pacífica se manifestavam  há muitos dias, foram alvo de violentas investidas levadas a cabo  por  alegados apoiantes de Mubarak, que, segundo a oposição egípcia, integravam muitos polícias à paisana .
Tudo leva a crer que estes distúrbios foram desencadeados por forças  interessadas em travar o processo de democratização da sociedade egípcia, numa tentativa desesperada de dar força ao  argumento esgrimido pelo ditador Mubarak de que uma transição de poder a curto prazo provocaria o caos.
Os Estados Unidos da América e a Europa liberal compactuaram tempo demais com  um  regime opressivo,  obedecendo à estratégia de conviverem  bem com   líderes controláveis à frente de regimes ditatoriais  em países árabes.  Sempre em nome da defesa de uma pretensa paz e estabilidade.
 E é este mundo alegadamente civilizado e democrático que agora,  hipocritamente, manifesta a sua profunda preocupação e defende   uma  mudança “estável”  com base num compromisso com as forças do ditador, o  que, na prática, significa uma  operação cosmética na qual alguma coisa muda para que tudo continue na mesma .
Os EUA e a Europa têm, agora, uma oportunidade histórica para resgatar os seus erros. Queremos acreditar que neste cenário ainda possa haver um mínimo de decência  na defesa da democracia e do  direito à indignação de um povo oprimido.
Oxalá que o desenvolvimento deste processo faça jus ao cenário das grandiosas manifestações registadas no Cairo, a Praça da Libertação!

04/02/2011